O Discurso Organizacional em Recursos Humanos ea - Sistema de ...
O Discurso Organizacional em Recursos Humanos ea - Sistema de ...
O Discurso Organizacional em Recursos Humanos ea - Sistema de ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
É, como se po<strong>de</strong> notar, no imaginário que o indivíduo joga com seus <strong>de</strong>sejos e sua<br />
i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, e a <strong>em</strong>presa com seus sonhos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>za preten<strong>de</strong> que o indivíduo troque seu<br />
imaginário pelo do <strong>de</strong>la. E essa atitu<strong>de</strong> exigirá alto grau <strong>de</strong> renúncia do indivíduo. T<strong>em</strong>os,<br />
nesse sentido, a presença do que se po<strong>de</strong> chamar <strong>de</strong> imaginário organizacional, expressão<br />
utilizada para “<strong>de</strong>signar as fantasias compartilhadas por uma equipe <strong>de</strong> administração ou por<br />
um conjunto <strong>de</strong> <strong>em</strong>pregados <strong>de</strong> uma organização, a fim <strong>de</strong> d<strong>em</strong>onstrar a influência <strong>de</strong>sse<br />
imaginário sobre a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> da <strong>em</strong>presa” (LAPIERRE,1999, p.09).<br />
As <strong>em</strong>presas promet<strong>em</strong>, não raras vezes, aquilo que elas não pod<strong>em</strong> cumprir. Elas<br />
criam um imaginário <strong>de</strong> transformação do mundo e do indivíduo. De acordo com<br />
ENRIQUEZ (1991, p.100), as <strong>em</strong>presas promet<strong>em</strong> um mundo triunfal, fundado na ord<strong>em</strong> e<br />
num triunfo que só po<strong>de</strong> ser alcançado na base <strong>de</strong> muito sacrifício; sacrificando-se o<br />
resultado e o sucesso virão. “as <strong>em</strong>presas as mais <strong>de</strong>lirantes [...] indicam que o paraíso está<br />
sobre essa terra, que o r<strong>ea</strong>l é aquilo que nós quer<strong>em</strong>os imaginar e colocar <strong>em</strong> obra, que a<br />
exigência do sacrifício será paga c<strong>em</strong> vezes mais tar<strong>de</strong>”.<br />
O sucesso torna-se, assim, a principal referência na vida dos indivíduos, sendo além<br />
<strong>de</strong> uma armadilha, uma pressão constante que po<strong>de</strong> levar a inúmeros efeitos negativos tais<br />
como a angústia, a <strong>de</strong>pressão e a ansieda<strong>de</strong>. Surg<strong>em</strong> então alguns paradoxos do sucesso,<br />
como os apresentados por O’NEIL (1999, p.23): t<strong>em</strong>-se a ilusão <strong>de</strong> que o sucesso é<br />
absoluto e <strong>de</strong>finitivo, sendo que os vencedores s<strong>em</strong>pre quer<strong>em</strong> mais e mais; liga-se o<br />
sucesso ao dinheiro e a novas riquezas, vale-se mais pelo que t<strong>em</strong> do que pelo que é; o<br />
sucesso tanto po<strong>de</strong> levar ao reconhecimento e admiração quanto ao isolamento e à<br />
alienação; o sucesso faz com que o indivíduo esteja disposto a inúmeras renúncias como, à<br />
vida familiar, ao lazer e aos amigos: “um s<strong>em</strong>-número <strong>de</strong> locais <strong>de</strong> trabalho são lares<br />
substitutos para homens e mulheres que se afastam da família ou dos amigos com os quais<br />
não têm como competir” (O’NEIL,1999, p.84).<br />
Se, <strong>de</strong> um lado, a <strong>em</strong>presa oferece a possibilida<strong>de</strong> da carreira, <strong>de</strong> altos salários, <strong>de</strong><br />
humanismo e <strong>de</strong> satisfação dos <strong>de</strong>sejos dos seus <strong>em</strong>pregados, <strong>de</strong> outro, segundo MOTTA<br />
(1992) ela exige a submissão e o controle do indivíduo. E a submissão torna-se, muitas<br />
vezes, um preço d<strong>em</strong>asiado alto a se pagar <strong>em</strong> troca da satisfação do <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong><br />
reconhecimento. A <strong>em</strong>presa exige que o indivíduo se sacrifique por ela, que a tome como<br />
uma instituição sagrada merecedora <strong>de</strong> <strong>de</strong>dicação extr<strong>em</strong>a – é o laico como sagrado. O<br />
indivíduo é chamado para cumprir um dos papéis principais, o papel do super-hom<strong>em</strong><br />
79