16.04.2013 Views

O Discurso Organizacional em Recursos Humanos ea - Sistema de ...

O Discurso Organizacional em Recursos Humanos ea - Sistema de ...

O Discurso Organizacional em Recursos Humanos ea - Sistema de ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

executivo citado no último artigo citado: “tento fazer com que eles encar<strong>em</strong> o trabalho como<br />

um hobby”. E ainda, como diz o executivo da Cruz: “é mais fácil trabalhar quando se faz com<br />

prazer”. O executivo tenta, além <strong>de</strong> tudo isso, <strong>de</strong>scaracterizar o trabalho <strong>em</strong> vários aspectos<br />

fundamentais, especialmente <strong>em</strong> sua forte carga <strong>de</strong> sofrimento e <strong>de</strong> angústia inerente ao<br />

próprio trabalho e à vida na <strong>em</strong>presa. E o discurso do executivo não pára aí, ele fornece ricos<br />

el<strong>em</strong>entos para a nossa análise, citando, por ex<strong>em</strong>plo, a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se melhorar a cada dia,<br />

<strong>de</strong> melhorar o <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho a cada dia que se passa. “Me pergunto todas as manhãs como<br />

posso ser melhor do que fui ont<strong>em</strong>”. Todos esses el<strong>em</strong>entos – a sedução, a busca pela<br />

melhoria contínua do trabalho e a fragmentação do fator trabalho acabam por caracterizar o<br />

discurso do executivos <strong>de</strong> pequenas, médias e gran<strong>de</strong>s <strong>em</strong>presas.<br />

Retomando o tópico do excesso <strong>de</strong> trabalho e <strong>de</strong> suas conseqüências para o executivo,<br />

<strong>de</strong>v<strong>em</strong>os nos referir também ao probl<strong>em</strong>a da vida privada que acaba sendo colocada <strong>em</strong><br />

segundo plano, inclusive no que diz respeito às relações familiares. Vejamos, nesse sentido,<br />

que se o discurso do sucesso aparece <strong>em</strong> muitas dos artigos da revista analisada, ele po<strong>de</strong><br />

significar na carreira do executivo o fracasso <strong>de</strong>ste como pai ou como marido. Em outras<br />

palavras, o preço a ser pago na busca do sucesso profissional e do reconhecimento acaba<br />

sendo muito caro para boa parte dos executivos. E eles sab<strong>em</strong> que se não houver uma<br />

preferência pela <strong>em</strong>presa frente à família, eles não conseguirão vencer. De acordo com<br />

PAGÈS (1987, p.137), “se ele não vence é porque <strong>de</strong>dica muito t<strong>em</strong>po à sua família”.<br />

Segundo o artigo “Executivo nota 10. Mas como pai...” (BERNALDI, Exame, 07/12/94,<br />

p.106-113), “nesse período <strong>de</strong> enxugamento geral das <strong>em</strong>presas, seja sob o nome <strong>de</strong><br />

reengenharia, downsizing ou o que for, as jornadas pod<strong>em</strong> ser longas. As tensões são<br />

certamente maiores. Tudo isso contribui para reduzir ainda mais o já comumente exíguo<br />

t<strong>em</strong>po <strong>de</strong>dicado aos filhos”. É justamente nesse universo altamente competitivo e repleto <strong>de</strong><br />

inúmeros modismos e mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> gestão que se exige cada vez mais t<strong>em</strong>po, esforço e<br />

<strong>de</strong>dicação dos indivíduos, e no qual eles tend<strong>em</strong> a se entregar à <strong>em</strong>presa. O artigo é r<strong>ea</strong>lista ao<br />

analisar que “fracassar como pai é algo capaz <strong>de</strong> reduzir às dimensões <strong>de</strong> ninharia, todo o<br />

sucesso conquistado pelo executivo”, mas, salienta-se que, boa parte dos executivos está<br />

disposta a pagar esse preço. A dificulda<strong>de</strong> <strong>em</strong> equilibrar vida profissional e vida familiar leva,<br />

<strong>em</strong> <strong>de</strong>trimento da família, quase s<strong>em</strong>pre, o indivíduo a optar pelo trabalho, mesmo que isso<br />

fragilize as suas relações familiares. Voltamos aí, no artigo “Procura-se atleta corporativo”,<br />

que nos traz, segundo <strong>de</strong>poimentos <strong>de</strong> executivos, que não existe, para eles, arrependimento<br />

113

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!