O Discurso Organizacional em Recursos Humanos ea - Sistema de ...
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precisar se <strong>de</strong>sfazer <strong>de</strong> funcionários especializados, não per<strong>de</strong>ndo, assim, todo o investimento<br />
r<strong>ea</strong>lizado <strong>em</strong> treinamento e, principalmente, diminuindo seus gastos <strong>em</strong> hora-extra dos<br />
funcionários, durante os picos <strong>de</strong> produção: “ao a<strong>de</strong>quar a jornada <strong>de</strong> trabalho à produção, os<br />
executivos da Ford esperam que os gastos com a folha <strong>de</strong> pagamento sejam reduzidos <strong>em</strong><br />
cerca <strong>de</strong> 5%” assinala a autora do artigo. Porém, essa prática acaba sendo b<strong>em</strong> mais<br />
interessante para a <strong>em</strong>presa do que para o trabalhador, pois com ela, ignora-se a variável da<br />
d<strong>em</strong>issão. Isto é, ela preserva funcionários especializados, “nos quais a <strong>em</strong>presa já investiu<br />
muito <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> educação e treinamento”. O indivíduo, mais uma vez, precisa se a<strong>de</strong>quar<br />
às necessida<strong>de</strong>s da <strong>em</strong>presa e <strong>de</strong> seu discurso <strong>de</strong> flexibilização.<br />
Outro modismo encontrado <strong>em</strong> algumas <strong>em</strong>presas, no <strong>de</strong>correr dos anos 90, é o<br />
incentivo ao trabalho <strong>em</strong> casa. O indivíduo conta com uma estrutura <strong>de</strong> computador, telefone,<br />
fax – home-office e <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penha suas ativida<strong>de</strong>s principalmente <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> sua própria<br />
residência. Preten<strong>de</strong>-se, com isso, não só a aumentar a produtivida<strong>de</strong> como também mudar a<br />
dinâmica <strong>de</strong> trabalho. No artigo, “E se você começasse a trabalhar <strong>em</strong> casa?” (BERNARDI,<br />
20/06/94, p. 96-97), lê-se que “muitas <strong>em</strong>presas começam a tirar mesas e salas <strong>de</strong> seus prédios<br />
para fazer um melhor aproveitamento do espaço, dar mais autonomia e flexibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
horários aos <strong>em</strong>pregados e <strong>de</strong> quebra, forçá-los a passar mais t<strong>em</strong>po com os clientes”, sendo<br />
uma prática já utilizada <strong>em</strong> <strong>em</strong>presas, como a ATeT e a IBM. Aqui, também, a flexibilida<strong>de</strong> é<br />
exigida dos funcionários, forçando-os a se inserir <strong>em</strong> novas práticas <strong>de</strong> trabalho. Uma das<br />
críticas que po<strong>de</strong> ser feita a essa prática é a <strong>de</strong> que o indivíduo per<strong>de</strong>rá a última fronteira que o<br />
separa da <strong>em</strong>presa, aumentando seu vínculo com esta, a partir do momento <strong>em</strong> que permite<br />
que ela se instale <strong>em</strong> sua casa, fisicamente, no meio <strong>de</strong> sua família. A <strong>em</strong>presa, assim,<br />
economiza <strong>em</strong> instalações próprias e faz com que o indivíduo trabalhe mais, <strong>de</strong>finindo metas<br />
elevadas. A kodak é uma <strong>em</strong>presa que pratica esse mo<strong>de</strong>lo, afirmando <strong>de</strong> que existindo<br />
confiança entre ela e o <strong>em</strong>pregado, o mo<strong>de</strong>lo po<strong>de</strong> ser muito eficaz, como argumenta<br />
Cavargere, gerente nacional da Kodak. Trata-se, contudo, <strong>de</strong> uma confiança não tão<br />
necessária, pois há metas rígidas que acabam por controlar o indivíduo. E, <strong>em</strong> virtu<strong>de</strong> do<br />
t<strong>em</strong>po economizado com transporte e conversas informais, as <strong>em</strong>presas aumentam ainda mais<br />
a sua base <strong>de</strong> retornos: “<strong>em</strong> casa não perco t<strong>em</strong>po com conversas <strong>de</strong> corredor e reuniões que<br />
não resolv<strong>em</strong> nada” nos diz o porta-voz da DuPont, uma das <strong>em</strong>presas analisadas. O<br />
indivíduo, assim, per<strong>de</strong> laços <strong>de</strong> amiza<strong>de</strong> construídos na <strong>em</strong>presa, inclusive na socialização,<br />
que inclui as reuniões <strong>de</strong> trabalho.<br />
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