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O Discurso Organizacional em Recursos Humanos ea - Sistema de ...

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Contudo, para transformarmos o status quo, precisamos enten<strong>de</strong>r essas relações <strong>de</strong><br />

po<strong>de</strong>r, modificá-las regularmente no sentido <strong>de</strong> melhorar as relações socais, re<strong>de</strong>finindo novos<br />

modos <strong>de</strong> vida, provenientes, muitas vezes, <strong>de</strong> atos <strong>de</strong> transgressão. E o <strong>de</strong>svendamento do<br />

discurso t<strong>em</strong> um papel fundamental nesse processo, visto que o saber po<strong>de</strong> ser utilizado como<br />

forma <strong>de</strong> dominação das mais eficazes. É o discurso, s<strong>em</strong>pre i<strong>de</strong>ológico, que, <strong>de</strong> acordo com<br />

ENRIQUEZ (1991, p.86, tradução nossa) vai substituir o reino da força física, sendo a ciência<br />

“uma prática social <strong>de</strong> produção, <strong>de</strong> segurança e <strong>de</strong> ord<strong>em</strong>”. O saber estará inerent<strong>em</strong>ente<br />

ligado ao po<strong>de</strong>r, assegurando a ele uma permanência maior nas relações que se produz<strong>em</strong> na<br />

socieda<strong>de</strong>. Ainda segundo o autor: “qu<strong>em</strong> t<strong>em</strong> o saber, t<strong>em</strong> ou terá o po<strong>de</strong>r”.<br />

Assim, o <strong>de</strong>tentor do saber é aquele que dará as or<strong>de</strong>ns e fará com que outras pessoas<br />

execut<strong>em</strong> o trabalho. Enquanto ele pensa, analisa e planeja o trabalho, resta ao subordinado a<br />

tarefa <strong>de</strong> impl<strong>em</strong>entar aquilo que foi or<strong>de</strong>nado pelo superior, <strong>de</strong> acordo, inclusive, com<br />

<strong>de</strong>terminadas normas <strong>de</strong> conduta e regras e procedimentos pré-<strong>de</strong>finidos. É nesse sentido que<br />

as organizações são constituídas basicamente <strong>de</strong> dois el<strong>em</strong>entos fundamentais: a coor<strong>de</strong>nação<br />

e a divisão da tarefa. O trabalho é dividido <strong>de</strong> acordo com os interesses da produção, enquanto<br />

que mecanismos <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação aliados à formalização do comportamento são utilizados<br />

como forma <strong>de</strong> exercer o po<strong>de</strong>r nas organizações e ter os objetivos organizacionais<br />

alcançados. E o saber – fonte <strong>de</strong> dominação, o conhecimento, está na base <strong>de</strong> todo esse<br />

processo e como diria ENRIQUEZ (1991, p.86, tradução nossa), “<strong>de</strong> dominação pela<br />

natureza, nós passamos insensivelmente à dominação pelos homens. Pelo discurso, pelo<br />

saber”.<br />

Vejamos agora alguns dos mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r. ENRIQUEZ (1991) levanta dois<br />

mo<strong>de</strong>los que se encarnam na figura <strong>de</strong> chefes ou <strong>de</strong> lí<strong>de</strong>res: o paranóico e o perverso. O<br />

paranóico t<strong>em</strong> o perfil <strong>de</strong> todo-po<strong>de</strong>roso e <strong>de</strong> imortal e traz uma mensag<strong>em</strong> <strong>de</strong> salvação para o<br />

mundo. O lí<strong>de</strong>r paranóico joga com o sentimento <strong>de</strong> culpa dos indivíduos, sendo que, com sua<br />

aceitação, a pessoa garantiria a tranqüilida<strong>de</strong> e a segurança prometida. No momento <strong>em</strong> que o<br />

lí<strong>de</strong>r se coloca como o re<strong>de</strong>ntor, e as pessoas, os dominados, aceitam esse discurso, havendo a<br />

transformação das relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r que se dá nas organizações. Acreditar nesse superhom<strong>em</strong>,<br />

<strong>em</strong> sua verda<strong>de</strong> absoluta, que é sua própria tradução é legitimar a própria posição<br />

<strong>de</strong>sse indivíduo, e seguir suas orientações, suas or<strong>de</strong>ns inquestionavelmente. Ele promete<br />

purificar o mundo e transformar homens <strong>em</strong> super-homens. Segundo ENRIQUEZ (1991, p.98<br />

tradução nossa), “ele propõe fazer dos homens super-homens, <strong>de</strong> dominados <strong>em</strong> dominadores,<br />

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