O Discurso Organizacional em Recursos Humanos ea - Sistema de ...
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presente nas relações <strong>em</strong>presa-indivíduo, e, a busca <strong>de</strong>sse executivo id<strong>ea</strong>l, <strong>de</strong> uma pessoa que<br />
possa ser o protótipo <strong>de</strong> um herói, pronto a fazer com que a <strong>em</strong>presa brilhe, e como está<br />
presente no discurso, brilhe com ela.<br />
O’NEIL (1999) aponta alguns aspectos do sucesso mítico, isto é, do sucesso como<br />
mito, a saber: a) a ilusão <strong>de</strong> que o sucesso é absoluto e <strong>de</strong>finitivo, ou seja, <strong>de</strong> que uma vez<br />
alcançado, ele permanecerá eterno; b) o dinheiro e o po<strong>de</strong>r aquisitivo são fundamentais para o<br />
sentido do sucesso, sendo que o hom<strong>em</strong> passa a valer <strong>de</strong> acordo com sua conta bancária; c) o<br />
anseio por novas riquezas, motivado especialmente <strong>em</strong> virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> que não basta ter, mas é<br />
necessário ter mais que os outros, mantém acesa a competitivida<strong>de</strong> contínua; d) a r<strong>ea</strong>ção ódio-<br />
amor diante do sucesso, po<strong>de</strong> levar ao isolamento as pessoas s<strong>em</strong> sucesso financeiro; e) a<br />
ilusão <strong>de</strong> que o sucesso o libertará do tédio, do trabalho rotineiro ou <strong>de</strong> excessivo controle por<br />
parte da organização.<br />
É comum ouvirmos nas <strong>em</strong>presas ou lermos <strong>em</strong> revistas especializadas <strong>em</strong> negócios a<br />
respeito da dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> se encontrar um executivo id<strong>ea</strong>l, aquele que po<strong>de</strong>rá ser <strong>de</strong>stinado ao<br />
sucesso. Os requisitos são os mais variados possíveis e, muitas vezes, paradoxais. As<br />
<strong>em</strong>presas quer<strong>em</strong>, antes <strong>de</strong> tudo, pessoas dispostas a se <strong>de</strong>dicar integralmente a elas,<br />
indivíduos que <strong>de</strong>sej<strong>em</strong> loucamente o sucesso e façam disso a sua missão <strong>de</strong> vida. O sucesso<br />
<strong>de</strong>ve ser colocado <strong>em</strong> primeiro lugar. As organizações, por sua vez, utilizam-se <strong>de</strong>sse <strong>de</strong>sejo<br />
para conseguir, <strong>em</strong> parceria com seus <strong>em</strong>pregados, o que precisam do indivíduo. Assim,<br />
conforme escreve PAGÈS (1987, p.137), a <strong>em</strong>presa, não pe<strong>de</strong>, “<strong>de</strong> início, ao indivíduo, para<br />
trabalhar por dinheiro, ela lhe propõe um objetivo mais nobre, lhe pe<strong>de</strong> para vencer, para ser o<br />
melhor”. E no que se refere ao excesso <strong>de</strong> trabalho e à exclusivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>dicação à <strong>em</strong>presa,<br />
“ninguém lhe diz que é obrigado a trabalhar. É dito apenas que para progredir é preciso<br />
trabalhar muito. A partir <strong>de</strong>sta mudança <strong>de</strong> foco, a exploração pela <strong>em</strong>presa torna-se um<br />
objetivo para o indivíduo: basta transformar a obrigação <strong>em</strong> valor pela via do sucesso”. Nesse<br />
contexto, o indivíduo, maravilhado pela promessa do sucesso, via trabalho árduo e amor à<br />
organização, <strong>de</strong>verá se <strong>de</strong>dicar <strong>de</strong> tal forma à <strong>em</strong>presa, tornando-se quase um mo<strong>de</strong>lo id<strong>ea</strong>l <strong>de</strong><br />
funcionário <strong>de</strong>sejado por ela<br />
De fato, o indivíduo, extr<strong>em</strong>amente <strong>de</strong>sejoso <strong>de</strong> alcançar o sucesso, não é capaz,<br />
muitas vezes, <strong>de</strong> refletir e analisar o quanto per<strong>de</strong> ao entrar nesses jogos <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r e <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>sejos. De acordo com ENRIQUEZ (1997, p.11, tradução nossa), “os homens arriscam <strong>em</strong><br />
per<strong>de</strong>r sua estima, sua própria i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, seu <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> criação. Em uma palavra, sua vida.<br />
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