O Discurso Organizacional em Recursos Humanos ea - Sistema de ...
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alvo da i<strong>de</strong>ntificação do que <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação, propriamente dito, pois não leva o indivíduo<br />
a <strong>de</strong>finir sua própria i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>.<br />
Ao lado da probl<strong>em</strong>ática da i<strong>de</strong>ntificação, t<strong>em</strong>os o amor-fusão, fenômeno cada vez<br />
mais presente nas organizações mo<strong>de</strong>rnas. O amor-fusão é a perda da autonomia, da<br />
individualida<strong>de</strong>, é total abandono ao objeto amado. Trata-se <strong>de</strong> um processo negativo, mas<br />
que vai <strong>de</strong> encontro ao crescimento do indivíduo e <strong>de</strong> sua busca por liberda<strong>de</strong> e i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>.<br />
Segundo ENRIQUEZ (1991, p.29 tradução nossa),<br />
“o que caracteriza esse amor, é o fato <strong>de</strong>le ser profundamente repressivo. As<br />
tendências à autonomia, à r<strong>ea</strong>lização <strong>de</strong> si mesmo não pod<strong>em</strong> se expressar.<br />
Ao contrário, os sujeitos são totalmente <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes do mestre, ensaiam se<br />
tornar parecidos com ele. Assim se manifesta o que Fromm chama <strong>de</strong> medo<br />
da liberda<strong>de</strong>, o indivíduo t<strong>em</strong> necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um sustentáculo mágico, <strong>de</strong><br />
um po<strong>de</strong>r exterior a si mesmo”.<br />
No caso do amor à organização, o indivíduo passa a ter medo <strong>de</strong> per<strong>de</strong>r as suas<br />
próprias referências <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação quando esta lhe faltar, tamanha é a entrega do<br />
indivíduo a ela, a qual se torna a principal referência <strong>em</strong> sua vida, o sentido principal <strong>de</strong><br />
sua existência. Aliás, a <strong>de</strong>voção completa à organização inclui também o sacrifício:<br />
“trabalhar s<strong>em</strong> cessar para o b<strong>em</strong> <strong>de</strong> todos, <strong>em</strong> <strong>de</strong>trimento <strong>de</strong> sua saú<strong>de</strong> e <strong>de</strong> sua vida<br />
familiar”. (LE GOFF, 1995, p.89, tradução nossa). Assim, o indivíduo integra todos os<br />
projetos da <strong>em</strong>presa. Inclusive, seus relacionamentos <strong>de</strong>ntro da <strong>em</strong>presa são como que os<br />
<strong>de</strong> uma comunida<strong>de</strong> familiar, unida e disposta a tudo para proteger seus m<strong>em</strong>bros. Há,<br />
nessa relação amorosa não apenas o comprometimento organizacional, mas a cumplicida<strong>de</strong><br />
e o amor do indivíduo tanto à <strong>em</strong>presa quanto a seus dirigentes. “confiança nas relações <strong>de</strong><br />
trabalho aparece como uma necessida<strong>de</strong> para o bom funcionamento da <strong>em</strong>presa”. (LE<br />
GOFF, 1995, p.97, tradução nossa).<br />
O indivíduo, preso no imaginário da organização, acaba por enfrentar,<br />
regularmente, <strong>de</strong>silusões que pod<strong>em</strong> levá-lo à revolta e à <strong>de</strong>pressão. Sente, por vezes, que<br />
dificilmente, ainda mais se tiver ida<strong>de</strong> mais avançada, po<strong>de</strong>rá se inserir no mercado <strong>de</strong><br />
trabalho. E, não raras vezes, existe ainda um forte sentimento <strong>de</strong> perda da relação familiar,<br />
<strong>de</strong>ixada <strong>em</strong> segundo plano, por causa da busca incessante do sucesso profissional.<br />
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