O Discurso Organizacional em Recursos Humanos ea - Sistema de ...
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<strong>em</strong>presa e <strong>em</strong>pregado. O que ocorre, porém, é que o controle no fim das contas, nunca <strong>de</strong>ixa<br />
<strong>de</strong> existir. Ele s<strong>em</strong>pre estará presente <strong>de</strong> uma forma ou <strong>de</strong> outra. No artigo “Cartão nunca<br />
mais?” (GOMES, Exame, 27/04/94, p.62-63), a Bayer, <strong>em</strong>presa analisada, aboliu o cartão <strong>de</strong><br />
ponto, mas não o controle. “O controle é feito pelas exceções. Em cada ár<strong>ea</strong>, há um<br />
funcionário eleito pelos colegas para marcar as horas-extras e as ausências <strong>em</strong> terminais <strong>de</strong><br />
computador. Quando o funcionário se atrasa, vai à chefia e se explica. Caso precise sair<br />
durante o expediente, negocia a melhor maneira <strong>de</strong> pagar as horas ausentes. Além disso, a<br />
<strong>em</strong>presa instalou terminais que oferec<strong>em</strong> extratos pessoais para os funcionários sobre sua<br />
ficha no RH. Neles, constam o número <strong>de</strong> horas trabalhadas, <strong>de</strong> extras e as faltas”, lê-se no<br />
artigo. Como se vê, a <strong>em</strong>presa, retirando o cartão <strong>de</strong> ponto, não faz nada mais do que<br />
modificar a coor<strong>de</strong>nação e o controle dos trabalhos r<strong>ea</strong>lizados. Ela, inclusive, continua se<br />
utilizando da padronização dos resultados. E ainda, quanto ao controle por resultados: “só é<br />
possível abolir o controle <strong>de</strong> horário nas <strong>em</strong>presas nas quais os funcionários tenham um<br />
envolvimento com as <strong>de</strong>cisões e os resultados”, argumenta o consultor <strong>de</strong> <strong>em</strong>presas, Faljone.<br />
E normalmente esses resultados, para ser<strong>em</strong> alcançados, necessitarão <strong>de</strong> um maior esforço por<br />
parte dos funcionários, visto que os padrões <strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho estabelecidos pelas organizações<br />
não são alcançados assim tão facilmente. Em suma, utiliza-se da prática <strong>de</strong> horário livre,<br />
reforçando-se a idéia do indivíduo ser responsável e ter consciência das metas a alcançar,<br />
concentrando-se, assim, na r<strong>ea</strong>lização do trabalho, não raras vezes, indo além das horas<br />
trabalhadas no mo<strong>de</strong>lo anterior. Mais irônico, ainda, é que a confiança torna-se palavra-chave<br />
no discurso das <strong>em</strong>presas que se utilizam <strong>de</strong>sse mo<strong>de</strong>lo: “a base <strong>de</strong> sucesso na abolição do<br />
cartão <strong>de</strong> ponto é a confiança”. Pergunta-se: será ela recíproca?<br />
Na a<strong>de</strong>quação dos funcionários aos objetivos da <strong>em</strong>presa, organizações vêm<br />
<strong>de</strong>senvolvendo, crescent<strong>em</strong>ente, programas <strong>de</strong> flexibilização da jornada <strong>de</strong> trabalho, buscando<br />
ainda mais a redução <strong>de</strong> custos para a <strong>em</strong>presa. De acordo com o artigo “Um antídoto contra<br />
ziguezagues” (VASSALO, Exame, 13/03/96, p.58-60), “a flexibilização da jornada <strong>de</strong><br />
trabalho segue uma lógica simples. O número <strong>de</strong> horas trabalhadas varia <strong>de</strong> acordo com a<br />
necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> cada período. Isso <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> limites mínimos e máximos<br />
estabelecidos pelas <strong>em</strong>presas”. A <strong>em</strong>presa ganha, <strong>de</strong>ssa forma, maior domínio sobre o<br />
trabalhador e t<strong>em</strong> como pressuposto, que se ele não fizer isso ou aquilo, ela não po<strong>de</strong>rá<br />
proteger o seu <strong>em</strong>prego, ou seja, estando-se frente a uma nova forma <strong>de</strong> coação do <strong>em</strong>pregado<br />
pela <strong>em</strong>presa: “Ou você se adapta, ou eu te d<strong>em</strong>ito”. A <strong>em</strong>presa lucra também por não<br />
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