14.04.2013 Views

In pulverem38 - Othoniel Menezes

In pulverem38 - Othoniel Menezes

In pulverem38 - Othoniel Menezes

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

98<br />

Coqueiro<br />

À minha irmã Gizélia 33<br />

Coqueiro esguio e triste, aqui vives sozinho,<br />

– curvo, ao peso da idade, o teu corpo cinzento!<br />

Que dizes, no ciciar das palmas? que lamento<br />

renovas, poeta antigo e pagão do caminho?<br />

O incompreendido horror de tanto isolamento<br />

punge o teu coração, como um tenaz espinho...<br />

Ó coqueiro de ruína! és o último avozinho<br />

do coqueiral que o outono arrebatou no vento!<br />

Não sei se a tua alma verde e vegetal padece.<br />

– Ouço-lhe a voz magoada e trêmula, que desce,<br />

tonta de sons, cantando à paisagem louçã... 34<br />

Sei que te amo e que tens, na cúpula pendida,<br />

a cor serena, a cor saudosa, a cor sentida<br />

do pensativo olhar de minha linda irmã!...

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!