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In pulverem38 - Othoniel Menezes

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gravadas no período mais sensível da vida do poeta, a fase mais<br />

propícia para ocasionarem uma forte e duradoura saudade.<br />

Sertão de espinho e de flor é, portanto, um desfilar evocações, de<br />

revivências, de marcantes cenas vividas na infância. A começar<br />

pela seca, por exemplo, impacto maior causado por aquela região,<br />

que desde cedo lhe marcou a sensibilidade:<br />

Dois, três anos de calvário,<br />

Sertão! Teu rude fadário,<br />

Nem no evangelho tem rol!<br />

E a expectativa de inverno nas ansiosas previsões do sertanejo,<br />

em todos semeava a semente da esperança.<br />

Mil ingênuos profetas<br />

Farejam sinais. Hoje norte<br />

Que luta, de vida e de morte,<br />

Com o céu, essa esfinge azul.<br />

Por mais seco e desolado que esteja, o sertão tem seus momentos<br />

de rude beleza, como na floração persistente de suas árvores<br />

típicas:<br />

o pau-d’arco é um rei que dorme<br />

Com um manto de estrelas aos pés...<br />

E, à tristeza da árvore caída, tombada pela inclemência do clima<br />

ou pelo crime do homem, uma homenagem de sentida emoção:<br />

Pau-d’arco roxo caído,<br />

Morrendo, mas tão florido,<br />

És um quadro de paixão.<br />

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