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In pulverem38 - Othoniel Menezes

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202<br />

beça bem inclinada para trás. Quando a serpente atira<br />

um bote, ela o apara com um golpe da asa<br />

distendida, jogando ao mesmo tempo uma rápida<br />

unhada por baixo, visando sempre a cabeça do inimigo.<br />

Luta, luta; quando cansa, sobe para a árvore onde<br />

está de observação à companheira. Desce, esta, imediatamente,<br />

e continua o combate, empregando a<br />

mesma estratégia. Cansada por sua vez, o macho a<br />

substitui, e assim sucessivamente, até a vitória. Morta<br />

à cobra, uma das acauãs a conduz, presa nas garras<br />

terríveis, até o lugar onde estão os filhotes, celebrando<br />

ambas o triunfo, com aqueles gritos eloqüentes,<br />

que o amigo tão bem conhece.<br />

Escreve Câmara Cascudo, no ensaio sobre as aves brasileiras,<br />

anteriormente citado:<br />

É falsamente denunciada como agoureira. Muitas tribos<br />

adoravam-na, porque ela devorava as cobras que<br />

encontrava. É uma ave austera, cheia de gravidade e<br />

senso, que faz gosto vê-la. Andando devagar e compassadamente,<br />

como compete a um ente que tem<br />

direito ao culto dos homens, dá vontade de<br />

cumprimentá-la, como a um desembargador. O combate<br />

com a cobra lembra o embate do mirmilão 57<br />

com o rediário. 58 A acauã ataca e se abriga no escudo<br />

da asa estendida, até que fisga de vez a cabeça da<br />

cobra. E adeus cobra... Os Chipaias, índios do Pará,<br />

não caçam nem pescam, ouvindo-lhe o grito.<br />

Osvaldo Orico, 59 em Vocabulário de Crendices Amazônicas (Cia Ed.<br />

Nacional, 1ª. edição, 1937), anota, às páginas 19 e 21:

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