14.04.2013 Views

In pulverem38 - Othoniel Menezes

In pulverem38 - Othoniel Menezes

In pulverem38 - Othoniel Menezes

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

330<br />

A ária, dulcíssima, esparze-a<br />

nas carnaúbas da várzea,<br />

graúna, avatar de Orfeu! 5<br />

Tua asa é a tinta do poema<br />

dos cabelos de Iracema<br />

– que, de saudades, morreu...<br />

Latada! Mata esta sede<br />

de madornar numa rede<br />

bem alvinha, de algodão!<br />

Pelego, 6 na areia... areia<br />

que o rio enxaguou na cheia<br />

– mais fofa do que um colchão...<br />

Moça da saia encarnada,<br />

que eu vi, na volta da estrada,<br />

arisca, a olhar para mim<br />

– talvez nunca mais te veja!<br />

– ou, um dia te leve à igreja,<br />

a ouvir-te o risonho sim...<br />

Não, nunca mais! Bem m’o disse,<br />

na sua sábia crendice,<br />

meu arrieiro, o Tundéu:<br />

– Quem carcula, se atrapaia...<br />

de casamento e mortaia,<br />

o corte é feito no céu!<br />

Eu, condo fui do seu tope,<br />

quebrava no curilope 7<br />

no lenço de gurgurão. 8

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!