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In pulverem38 - Othoniel Menezes

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90<br />

Via-crúcis<br />

A minha mãe faltou-me, eu era pequenino;<br />

mas, da sua piedade, o fulgor diamantino<br />

ficou abençoando a minha vida inteira:<br />

como, junto de um leão – um sorriso divino!<br />

como, sobre uma forca – um ramo de oliveira!<br />

G. Junqueiro 5<br />

Velhice do Padre Eterno<br />

Há quanto tempo a dor, sem cessar, me devora<br />

a vida, e a essa amargura injusta me acalceta! 6<br />

Dês que morreste, Mãe, que o meu peito de poeta<br />

é um soturno retiro onde a saudade chora!<br />

Desde que ao céu volveste, anjo da guarda! a aurora<br />

de ventura e de amor e esperança dileta,<br />

abismou-se na treva... Hoje, a traidora seta<br />

da dúvida, se trespassa a alma ingênua de outrora!<br />

Não maldigo, entretanto, a dor fecunda e grande!<br />

dentro da sua luz sagrada, o pensamento,<br />

à aspersão batismal das lágrimas, se expande...<br />

Vou, com os pés a sangrar, meu Gólgota subindo...<br />

mas levo, à cruz pesada e ao fel do meu tormento,<br />

– a alma noiva do sonho e o coração, florindo!

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