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In pulverem38 - Othoniel Menezes

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Afigura-se-nos bem admissível estejam ruminando o sublime<br />

problema, a estas alturas da “hecatombe”, preferindo as frutíferas<br />

hipóteses da palingenesia 54 ao atroz, compulsório exercício da literatura<br />

de sueltos sobre a carestia e notinhas genetilíacas, 55 um<br />

poeta como “foi” Jorge Fernandes, um crítico literário como “foi”<br />

Nascimento Fernandes, 56 um jornalista, um estilista como “foi”<br />

Bruno Pereira, 57 e j’en passe et des meilleurs. 58 Aliás, também, ao fim<br />

desta nossa rápida vilegiatura através dos eremitérios do atol, temos<br />

a registrar a apostasia de Edgar Barbosa – a pena que escreveu<br />

aquele belíssimo poema das “Cidades mortas”! – e que se arranjou<br />

com uma toga, na roça, entre os perigos e os estímulos<br />

realistas do território continental, urbi sunt leonis. 59<br />

Aos que ainda levam a sério a literatura, sirva-lhes de<br />

escarmento, 60 para se corrigirem da pertinácia sedentária, o exemplo<br />

de Ferreira Itajubá.<br />

Tarde, demais, fugido da ilhota bloqueada, onde viveu com um<br />

despertador a alarmar no estômago, morreu de miséria, de lirismo<br />

confiante, de fome progressiva, num catre de indigente, enjeitado<br />

da terra cuja amarga, implacável ingratidão, contrastou ele<br />

com filial abnegação, cantando, entre as lágrimas do ostracismo<br />

mais pungente:<br />

Numa nesga da pátria, onde em noites de lua,<br />

parece um lampadário a Natureza nua...<br />

Lembrem-se do formoso Satã das mentiras e das verdades mais<br />

bem vestidas da literatura inglesa, Oscar Wilde, 61 com bem pouca<br />

justiça fora da moda. Lapidarmente, caracterizou, ele, em <strong>In</strong>tenções,<br />

o tipo psicológico do torturante drama em cuja terefa sucumbiu<br />

o meigo cantor da nossa gesta lírica, e onde hão de ainda<br />

sucumbir os outros: “La sociedad perdona a veces al criminal, pero non<br />

perdona al soñador”.<br />

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