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In pulverem38 - Othoniel Menezes

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Notas ao Canto 15<br />

Itajubá: Manoel Virgílio Ferreira Itajubá, nascido em Natal,<br />

em 21 de agosto de 1875. Foi o maior poeta do Rio Grande<br />

do Norte, em todos os tempos; o legítimo criador de nossa poesia<br />

regionalista, renovador incontestável da lírica potiguar. E, tudo,<br />

franciscanamente desprovido de cultura literária – de cultura de<br />

qualquer natureza. Espécie de rude Burbank 18 da poesia, mago<br />

plebeu, enxertando no carcomido tronco do salgueiro<br />

portucalense – já transplantado da <strong>In</strong>glaterra, com Byron, e, da<br />

França, com Lamartine 19 e Chateaubriand –, 20 selvas olorosas,<br />

aromas acres e salubérrimos de cajueiros e maçarandubas agrestes.<br />

Arrastou – e, por que não? – uma existência misérrima, salteada<br />

de privações estomacais, de humilhações de toda espécie, negado,<br />

desamparado, ridicularizado, hostilizado pelos filisteus e pelos<br />

políticos. Estes, ao tempo, parece que premonitoriamente desconfiados<br />

dos flamantes discursos de Itajubá, em passeatas e greves<br />

de operários, apenas lhe não pespegaram a cominatória de<br />

“comunista”– 21 como a outros, depois, aconteceu – porque era<br />

temporã, 22 essa pecha, posteriormente a 1935 tão cômoda de<br />

aplicar ao canastro 23 dos que não liam pela cartilha dos “democratas”,<br />

dos “cristãos” no poder. 24<br />

Morreu no Rio, em leito de indigente, num hospital, em 30 de<br />

junho de 1912, “vítima de um médico que não acreditava na<br />

assepsia”, conforme o autorizado testemunho de Câmara Cascudo,<br />

em Alma Patrícia (1921).<br />

Seu enterro, numa aspérrima tarde de inverno carioca, foi feito<br />

às expensas de conterrâneos, pelo caridoso intermédio de<br />

Aristóteles Costa e Eloy de Souza. As cinzas, por este último<br />

trazidas para Natal, perderam-se, jogadas a uma vala comum, du-<br />

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