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In pulverem38 - Othoniel Menezes

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Relativamente ao pagamento dos remédios à farmácia, o Poeta morreu<br />

sem saber da homenagem que lhe fizera, discretamente, o velho amigo do<br />

Atheneu – também cafeísta –, Luiz Lopes Varela.<br />

A seguir, a transcrição de um breve trecho do autor das presentes notas,<br />

lido, em 2004, na Fundação Cícera Queiroz, entidade assistencial, sediada<br />

atualmente na casa da Rua das Laranjeiras, n. 16, onde nasceu <strong>Othoniel</strong>, na<br />

modesta solenidade da aposição das efígies do Poeta e do seu irmão, sargento<br />

(João) <strong>Menezes</strong> (de Melo), pioneiro e mártir da aviação brasileira,<br />

primeiro aviador do Rio Grande do Norte:<br />

"Em março de 1962, doente, sem diagnóstico, perseguido pelos caciques<br />

de então, <strong>Othoniel</strong> <strong>Menezes</strong>, dolorosamente arrumou os pouquíssimos<br />

teréns e escapuliu para o Rio de Janeiro. Amava muito o seu torrão. Entretanto,<br />

alguns dos conterrâneos da chamada elite política e intelectual de<br />

então, barões assinalados, nunca lhe haviam perdoado a franqueza com que<br />

tratava certos figurões, além da circunstância de haver escrito, nas oficinas da<br />

velha A República, de cabo a rabo, o jornal oficial do Levante de 1935. Nunca<br />

foi comunista – como foi taxado e depois condenado a três anos de cadeia.<br />

Era, todos sabiam, socialista e amigo de Café Filho. Culto, pobre e probo,<br />

tinha consciência do próprio valor e disso se orgulhava – isso sim! Não<br />

suportava idiotices e bajulações, grupinhos, patotas. Nunca tomou posse na<br />

Academia. Aceitou a "imortalidade" por imposição de velhos e poucos<br />

amigos, notadamente do seu quase irmão/poeta Esmeraldo Siqueira. Não<br />

se candidatou, candidataram-no. Era uma velha dívida do Silogeu, contraída<br />

desde a sua fundação, em 1936. Resolveu, de vez, ir embora, depois da<br />

última desconsideração que lhe fora imposta pelo próprio governador do<br />

Estado, Aluízio Alves, no final de 1961. Ia cumprir o seu próprio vaticínio,<br />

seu destino! Maktub! Estava escrito nos seus próprios versos (Ver Canto<br />

Minha Viola a Chorar, neste livro). Amparou-se no braço amigo e sofrido da<br />

sua Maria e foi embora! Chorando, mas foi! E, lá, morreu, de repente, em<br />

1969, no Rio de Janeiro, no Catumbi, no apartamento de aluguel modesto,<br />

saudoso da sua Natal, dos ocasos do Potengi amado e da companheira querida<br />

– que o antecedera na partida para o Azul, oito meses antes."<br />

Poucos dias depois da partida de OM para o Rio de Janeiro, auxiliares de<br />

Aluízio – entre eles, ainda vivo, um jornalista que, à época, quase chegara<br />

à condição privilegiada de parente muito próximo do governador –, quando,<br />

nas mesas do Granada Bar, se falava no exílio do poeta, esses mucufas

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