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In pulverem38 - Othoniel Menezes

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A tarde descia, calma, radiosa, sem um estremecimento<br />

de folhagem, Do lado do mar subia uma maravilhosa<br />

cor de ouro polido, que ia no alto diluir o<br />

azul, dava-lhe um branco indeciso e opalino, um tom<br />

de desmaio doce, e o arvoredo cobria-se todo de uma<br />

tinta loura, delicada e dormente. Todos os rumores<br />

formavam uma suavidade de suspiro perdido. Nenhum<br />

contorno se movia, como na imobilidade de<br />

um êxtase. E as casas, voltadas para o poente...<br />

Este é o velho Eça.<br />

Com o mesmo número de palavras, escreveu Câmara Cascudo,<br />

sur les genoux. 34 de uma prosaica viagem ao sertão:<br />

[...] O olhar se espraia, intérmino, naquele cenário<br />

verde-lodo, pesado e morno de fecundidade. O companheiro<br />

fazia parar o auto, empolgado com a paisagem<br />

absorvente. Até os claros horizontes distantes,<br />

denso, maciço, compacto, agitando as palmas hirtas,<br />

como leques de cerimônia oriental, surdeava 35 o mar<br />

montante dos carnaubais. A aragem fria da chapada<br />

descia, silvando, para o cadinho ardente, onde uma<br />

população álacre e viva se fixara, para existir com a<br />

vida daquelas árvores ásperas e lindas.<br />

Isto é Arte, e assim se constroem as obras eternas.<br />

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