14.04.2013 Views

In pulverem38 - Othoniel Menezes

In pulverem38 - Othoniel Menezes

In pulverem38 - Othoniel Menezes

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

em todo esse mistério que me encanta,<br />

sinto que vibra, que soluça e canta<br />

a alma saudosa e virginal das cousas.<br />

Ponciano Barbosa cinzelava sonetos deste puro sainete 248<br />

ático: 249<br />

Dulce, trajando o seu quimono suave,<br />

fica, a meus olhos, parecida uma gueixa.<br />

Eu, japonês respeitador, que deixa<br />

no portal os sapatos, entro, grave,<br />

à sua casa, impressionante nave,<br />

que tem um cheiro lúbrico de ameixa...<br />

Altanava-se, 250 tentando seguir o sulco chamejante das asas da<br />

águia de Espumas Flutuantes, o velho Segundo:<br />

Corria a noite em meio. Em plácida derrota,<br />

ia um barco a vogar, qual célere gaivota,<br />

por sobre o dorso azul da vaga boreal.<br />

Vênus bela ostentava a sideral grinalda.<br />

Sorria embaixo o mar, abismo de esmeralda,<br />

sorria em cima o céu, abismo de cristal.<br />

Aí está, particularizado na diferenciação estilística, na qualidade<br />

e no jogo das imagens, um paralelo marcantemente ilustrativo<br />

– um trailer em tecnicolor – da novidade, do revolucionário que<br />

Itajubá trazia à composição, à linguagem, à temática, à própria<br />

natureza íntima da poesia contemporânea.<br />

829

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!