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In pulverem38 - Othoniel Menezes

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Viajar – disse-lhe alguém – é esquecer; olha a Grécia,<br />

é um sonho; a Itália é um ninho; a França é uma delícia...<br />

Ser-te-á eterna a mágoa, e a esperança fictícia?<br />

Parte, distrai-te, goza e, por síntese, esquece-a.<br />

O mestre de O caçador de esmeraldas que, no soneto “Consolação”,<br />

chegou a rimar doze substantivos, mostrou-se sensível a esse<br />

extrênuo 273 virtuoso verbal do prodigioso artista, em muitas das<br />

poesias da Tarde.<br />

Entre os poetas norte-rio-grandenses, somente Edinor Avelino<br />

se mantém, com um pundonor, uma galhardia de fidelidade<br />

bayardiana, 274 à rigidez da vertical estética levantada pelo inesquecível<br />

sergipense. Aliás, a partir do seu terceiro livro, Hermes<br />

Fontes contemporizou com essa arquitetônica, certamente sentindo<br />

que ela lhe inquinava o estro de uma tal ou qual artificialidade<br />

– de um tal ou qual artesanismo, pelo menos – de um<br />

bizantinismo 275 que se não pode deixar de sentir, em toda sua<br />

produção dessa primeira fase; embora salva, esplêndida e inteiriça,<br />

pela virtude da riqueza das idéias e do fulgor e novidade de imagens<br />

da sua profunda e clamante humanidade, do que representa<br />

em função da luta contemporânea pela democracia.<br />

Como se haveria de arranjar com o futuro, nesse ar misto de<br />

Atenas e Florença, quem, após incursionar pela segunda ou terceira<br />

série letiva de Felisberto de Carvalho, 276 não teria, no ciclo<br />

da autodidática, 277 ultrapassado A velhice do Padre Eterno, os profetas,<br />

e o tamancal 278 Simões da Fonseca? 279<br />

Do chão raso e arenoso, do ninho tosco e ao nível dos<br />

estendais 280 de oró 281 e carrapicho, onde se emplumara, não pode,<br />

o belo condor solitário, órfão do oxigênio e das majestosas perspectivas<br />

espaciais da montanha, fazer agir a possante envergadura<br />

das asas, embaraçadas na erva daninha do apedeutismo 282 provinciano.<br />

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