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In pulverem38 - Othoniel Menezes

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tortura igual à minha! Eternamente,<br />

será meu coração chumbado cofre<br />

das amarguras todas do presente!<br />

Ser moço, não importa; a gente vive<br />

cem anos, num momento... Quantas horas<br />

sonho, a ver desfilar, queimando auroras,<br />

a turba das quimeras que já tive!<br />

Dessa Via Lactea na aromada trilha,<br />

foste constelação; hoje, és saudade,<br />

– antélio 35 que, entre a névoa, ao longe, brilha,<br />

– fantasma esquivo da felicidade!<br />

Na calma da hora morta, no entretanto,<br />

quando, ao sereno, o bogari trescala,<br />

cuido ouvir, abafado em longo pranto,<br />

o etéreo rouxinol da tua fala...<br />

Amo, por isso, a noite imensa e casta,<br />

a cujos pés lucíferos 36 prostrado,<br />

sob a cruz que minha alma, inerme, arrasta,<br />

rezo o meu evangelho do passado!<br />

Sim! o passado é um bálsamo, no açoite<br />

da chaga ardente que nos punge a vida,<br />

sursum corda 37 de luar, dentro da noite,<br />

beijando a cruz da velha torre erguida!<br />

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