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In pulverem38 - Othoniel Menezes

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Difícil – duro de roer! – seria acreditar ter ido à casa do poeta, presenteálo<br />

com as comprometedoras provas do grave delito subversivo e, mais<br />

complicado ainda – de arrepiar a descendência do vate! –, afirmar que o<br />

"felizardo" <strong>Othoniel</strong> "nada sofreu" sob os regimes de Rafael Fernandes e<br />

Getúlio Vargas. Rafael, representado pelo eficiente primo Aldo Fernandes;<br />

Getúlio, acolitado pelo truculento capitão Filinto Strubing Müller.<br />

A verdade cristalina – nua e crua – é que o editorialista e responsável<br />

maior pela publicação do jornal A Liberdade e nenhum dos seus familiares,<br />

jamais receberam, na época, a visita de Aluízio, levando "presente" algum.<br />

Antes de findar o dia 27, sabendo, já, do fracasso da revolução, o poeta<br />

fugiu para Recife, onde foi preso uns quatro dias depois. Já no dia seguinte,<br />

28, tinha sido demitido por Rafael Fernandes do Departamento de Imprensa<br />

(Ato n° 174, de 28 de novembro de 1935). Era a primeira punição.<br />

Capturado em dezembro de 1935, somente teve a prisão preventiva decretada<br />

em 4 de setembro de 1936, quase um ano depois da Revolta e do<br />

encarceramento.<br />

Para arrematar o assunto, transcreve-se o que escreveu o minucioso escritor<br />

Cláudio Galvão, no citado Príncipe Plebeu – Uma Biografia de <strong>Othoniel</strong><br />

<strong>Menezes</strong> (Edição FAPERN, 2010): "O julgamento de <strong>Othoniel</strong> somente<br />

se verificou a de 9 de agosto de 1938, em sessão do Tribunal de Segurança<br />

Nacional. Enquadrado nos artigos 1o, 49 e 50 da L. 38 S. N. e parágrafos<br />

2o, 4, e 14, art. 39 da C. L. P., tendo-se em vista os artigos 25 e 26 da citada<br />

L. 38 de S. N., foi condenado à pena de 3 anos de reclusão."<br />

Por conta deste Sertão de espinho e de flor, passou, ainda, o seu sofrido autor,<br />

um último e doloroso vexame, em 1967. <strong>Othoniel</strong> – até poucos anos<br />

antes de morrer, apesar da doença, das decepções, da companheira Maria<br />

cancerosa, exilado no Rio de Janeiro, sem embargo dessas vicissitudes<br />

todas, ao saber ser o novo governador da sua terra o monsenhor Walfredo<br />

Gurgel, a quem conhecera por intermédio do padre Monte, seu amigo e<br />

admirador –, pediu ao professor Rodrigues Alves, conterrâneo que morava<br />

no Rio e o visitava semanalmente, para interceder no sentido de a<br />

Fundação José Augusto republicar o livro – considerado, por ele, sua<br />

melhor obra, o carro-chefe de toda a sua extensa produção. Ao longo dos<br />

anos, desde 1952, vinha pacientemente, vagarosamente, apesar do Mal de<br />

Parkinson, revisando, corrigindo e, às vezes, acrescentando observações,<br />

notas e inserções, no único volume que lhe restara, manuscritas, a mão<br />

tremulante, em tinta de cor verde, da sua preferência, há muito tempo.

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