14.04.2013 Views

In pulverem38 - Othoniel Menezes

In pulverem38 - Othoniel Menezes

In pulverem38 - Othoniel Menezes

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

828<br />

cheias de idílios pelas quebradas,<br />

de eflúvios raros pelos caminhos.<br />

Noites de insônias e desalinhos,<br />

de serenatas pelas calçadas;<br />

noites de trovas abemoladas, 244<br />

como gorjeios de verdelinhos. 245<br />

Trazei-me sempre, noites de enfeite,<br />

todas as coisas dessa redoma,<br />

– chuvas de incenso, marés de leite,<br />

matando os germes do desengano<br />

que me tortura, noites de goma, 246<br />

primeiras noites claras do ano!<br />

Gothardo Neto, então no auge da fama, seu amigo íntimo, e<br />

com ele partilhando, dentro da mais fraternal emulação criadora,<br />

o calor dos aplausos que a ambos tributavam os espíritos esclarecidos<br />

da cidade, cheia de jornais e associações literárias, escrevia<br />

segundo os cânones clássicos em voga:<br />

A voz do vento, a lágrima da terra,<br />

que oculta a flor, no cálice odorante,<br />

a tristeza da tarde agonizante,<br />

o monte, a veiga, 247 o descampado, a serra;<br />

esse pavor que a soledade encerra,<br />

esse anseio do pélago espumante,<br />

fundas lamentações de ave emigrante,<br />

que o calor da canícula desterra;<br />

lagos, florestas, sonorosos rios,<br />

dolências de crepúsculos sombrios,<br />

os ciprestes, os túmulos e as lousas;

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!