14.04.2013 Views

In pulverem38 - Othoniel Menezes

In pulverem38 - Othoniel Menezes

In pulverem38 - Othoniel Menezes

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

122<br />

O mar, ciumento, odeia o monte,<br />

porque a lua, quando nasce,<br />

beija, primeiro, a sua face,<br />

– alta e formosa, no horizonte...<br />

Ah! se o dilúvio retornasse!<br />

levantaria, então, a fronte...<br />

– “O teu palor 12 de neve e prata,<br />

“oh lua gélida, desata<br />

“por solidões e por vergéis!<br />

“A minha eterna serenata,<br />

“meu desespero, minha oblata, 13<br />

hei de cantar sempre a teus pés!”<br />

É assim que o mar, à lua branca,<br />

diz os seus tristes madrigais.<br />

Do coração profundo, arranca<br />

hinos, canções sentimentais.<br />

E sempre, sempre, a lua branca<br />

vai se elevando... sobe mais...<br />

Serenamente, meiga e altiva,<br />

a imensidão do céu clareia...<br />

E o mar, ao vê-la fugitiva,<br />

canta, soluça, espuma, anseia,<br />

a dor suprema acorda, aviva,<br />

– desfaz-se em beijos sobre a areia!

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!