14.04.2013 Views

In pulverem38 - Othoniel Menezes

In pulverem38 - Othoniel Menezes

In pulverem38 - Othoniel Menezes

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

158<br />

Traduzindo a dor do retirante, o poeta cantaria:<br />

Há poucos meses, ainda,<br />

Na estrada do exílio, infinda<br />

Pudera haver dor maior?<br />

É o quadro chocante do homem que foge, na esperança de um<br />

dia voltar, com a chuva, para a terra que é parte de seu ser.<br />

Ó! o drama das retiradas!<br />

Boiadas e mais boiadas,<br />

Num chouto exausto a mugir...<br />

O menino sentiu, também, as alegrias da chegada das chuvas,<br />

participando do festejar do povo. É quando o leito do rio, seco,<br />

torrado, recebe, incontida, a bruta caudal, fruto das primeiras<br />

chuvas.<br />

É a cheia! Lá vem o rio,<br />

turvo, assanhado, bravio,<br />

pelos grotões, a estrondar!<br />

O espetáculo da cheia, a torrente impetuosa, devem ter sido<br />

cenas marcantes para a sensibilidade da criança. O que antes era<br />

seco<br />

hoje é barreira a barreira,<br />

traz chuva da cabeceira,<br />

arrasta pau-d’arco e rês.<br />

Chegou abril! Quanto ninho,<br />

pulam corgos no caminho<br />

É o inverno que chegou. A mesa do sertanejo também reflete<br />

a reação da terra:

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!