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In pulverem38 - Othoniel Menezes

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algodão, e que têm esse nome, bolandeira é a grande circunferência<br />

azulada, de contornos nevoentos, e em cujo centro fica a lua,<br />

em certas épocas do ano. Conforme o mês e a fase lunar, é um dos<br />

“sinais” em que comumente se baseia o matuto, para prognósticos<br />

de inverno.<br />

***<br />

Aqui se reproduzem, extraídos da Mata Iluminada, 3ª edição,<br />

Livraria Castilho, Rio, 1928, os versos célebres, de Catulo da Paixão<br />

Cearense: 8<br />

Não há ó gente, ó não,<br />

Luar como esse do sertão!<br />

Ó que saudade do luar da minha terra,<br />

Lá na serra, branquejando folhas secas pelo chão!<br />

Esse luar cá da Cidade, tão escuro,<br />

Não tem aquela saudade do luar do meu sertão!<br />

Se a lua nasce por detrás da verde mata,<br />

Mais parece um sol de prata, prateando a solidão!<br />

E a gente pega na viola, que ponteia,<br />

E a canção é a lua cheia a nos nascer do coração!<br />

Quando, vermelha, no sertão, desponta a lua,<br />

Dentro da alma, onde flutua, também rubra, nasce a<br />

dor!<br />

E a lua sobre... E o sangue muda em claridade!<br />

E a nossa dor muda em saudade... Branca... assim,<br />

da mesma cor!<br />

Ai! Quem me dera que eu morresse lá na serra,<br />

Abraçado à minha terra, e dormindo de uma vez!<br />

Ser enterrado numa grota pequenina,<br />

Onde, à tarde, a sussurina chora a sua viuvez!<br />

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