14.04.2013 Views

In pulverem38 - Othoniel Menezes

In pulverem38 - Othoniel Menezes

In pulverem38 - Othoniel Menezes

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

terror da população. Eram pedradas, cacetadas nos<br />

transeuntes, palavras obscenas, e toda sorte de tropelias.<br />

As prisões e clausuras de Silvestre de nada<br />

serviam, pois, solto o homem, voltava às mesmas<br />

façanhas. O clamor era geral. A esse tempo, havia<br />

sido inaugurada a Tamarineira, asilo de loucos, em<br />

Recife, e do qual se contava muita coisa boa. Resolveram<br />

as autoridades, e a própria família de Silvestre,<br />

mandá-lo para a Tamarineira. Logo, se cotizaram<br />

todos, para as despesas de viagem, encarregando-se<br />

Manoel Pequeno de levar o louco; era, para isso, o<br />

homem de confiança. O maior comerciante da terra<br />

fez uma carta ao seu melhor amigo e patrão do Recife,<br />

encaminhando o pobre doente e, no dia aprazado,<br />

partiu Manoel Pequeno, com o homem algemado<br />

e nas cordas, em busca daquela capital, onde chegou<br />

depois de uns oito dias de viagem. Ali, Manoel<br />

Pequeno procurou logo o figurão para quem levava a<br />

mensagem e, com o Silvestre ao lado e sempre nas<br />

cordas, lhe entregou. Depois que o homem leu a carta,<br />

bastante aborrecido, chamou Manoel Pequeno e<br />

disse-lhe que, absolutamente, não se podia encarregar<br />

do internamento do doido; que ali era<br />

Pernambuco, e não o Rio Grande do Norte; que,<br />

finalmente, voltasse, tomasse conta do seu fardo, pois<br />

que nada podia fazer. Manoel Pequeno tomou a palavra<br />

e, desembaraçado no falar, como era, contou toda<br />

a história do Silvestre, o sofrimento do nosso povo<br />

por causa das tropelias dele, etc, terminando com<br />

um apelo ao tal graúdo, principalmente, – frisava –<br />

por não se achar com forças para voltar com o homem<br />

louco. O homem permanecia irredutível; disse<br />

que não atenderia ao apelo; estava tudo liquidado:<br />

a Tamarineira era para os infelizes de Pernambuco e<br />

371

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!