14.04.2013 Views

In pulverem38 - Othoniel Menezes

In pulverem38 - Othoniel Menezes

In pulverem38 - Othoniel Menezes

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

A terra... fere-a o sol e ela absorve-lhe os raios, e multiplicaos,<br />

e reflete-os, e retrata-os, num reverberar ofuscante; pelo<br />

topo dos cerros, pelos esbarrancados das encostas, incendeiam-se<br />

as acendalhas1 da sílica fraturada, rebrilhantes, numa trama<br />

vibrátil de centelhas; a atmosfera junto ao chão vibra num ondular<br />

vivíssimo de bocas de fornalha...<br />

Os Sertões, p. 28, 11ª. edição<br />

O sertanejo, assoberbado de reveses, dobra-se, afinal.<br />

Passa certo dia, à sua porta, a primeira turma de “retirantes”.<br />

Vê-a, assombrado, atravessar o terreiro, miseranda,<br />

desaparecendo adiante, numa nuvem de poeira, na curva do<br />

caminho... No outro dia, outra. E outras. É o sertão que se<br />

esvazia. Não resiste mais. Amatula-se num daqueles bandos,<br />

que lá se vão caminho em fora, debruando de ossadas as veredas,<br />

e lá se vai ele no êxodo penosíssimo para a costa, para as serras<br />

distantes, para quaisquer lugares onde o não mate o elemento<br />

primordial da vida.<br />

Os Sertões, p.188, 11ª. edição

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!