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In pulverem38 - Othoniel Menezes

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318<br />

sesperado alarido. A cobra raspa-se, enfiada, enquanto o estrídulo<br />

vedeta 40 das solidões, com o seu pequeno e sonoro exército alado<br />

de guerrilheiros, apupa o inimigo descoroçoado, 41 seguindo-o por<br />

cima da ponte pênsil dos cipós-imbés, da maranha 42 das juremas,<br />

dos postes descarnados dos marmeleiros... (Sextilha 15ª; deste<br />

Canto).<br />

Rescende o marmeleiral:<br />

Naquela região esse arbusto é bem o característico<br />

do sertanejo. Passando grande parte do ano despido<br />

de folhas, amarelecem, murcham e caem antes de<br />

começado o rigor do verão, às vezes, desde julho ou<br />

agosto, e com o aspecto desolado da planta morta<br />

em pé, logo à primeira chuva cobre-se de renovos<br />

avermelhados ou róseos que, se não demora a seguinte,<br />

dentro de uma semana são folhas verdes, ásperas,<br />

mas de perfume particular, que basta o atrito<br />

da passagem entre elas para despender. (“Policarpo<br />

Feitosa”, Antônio de Souza, transcrito em Leituras<br />

Potiguares, p. 32).<br />

O marmeleiro do campo, Maprounea braziliensis, é uma<br />

euforbiácea, excelentemente prestada ao habitante da caatinga e<br />

do sertão. Há o branco e o preto. A casca deste fornece uma infusão,<br />

famosa no tratamento empírico das moléstias do estômago. O<br />

carvão, pulverizado, dá produto similar do Belloc, 43 e é de grande<br />

eficácia na terapêutica de todas as afecções entéricas, segundo<br />

afiançou ao Autor dessas Notas o saudoso nova-cruzense, abalizado<br />

homeopata, José de Matos, velho e popular advogado<br />

provisionado, cheio de janeiros e experiências.<br />

A carne-de-sol, mesmo que esteja mofada, readquire o aroma<br />

primitivo, quando enrolada, durante algumas horas, em folhas de<br />

marmeleiro. Foi prática proverbial de muitos marchantes que, ao

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