14.04.2013 Views

In pulverem38 - Othoniel Menezes

In pulverem38 - Othoniel Menezes

In pulverem38 - Othoniel Menezes

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

À tarde, o langor sidéreo 1<br />

cai no humilde cemitério,<br />

em vaporosas visões.<br />

Minha mãe dorme, a um cantinho...<br />

Sua alma de passarinho<br />

chora, nas minhas canções.<br />

Que, um dia, também, ao lado<br />

desse túmulo escalvado, 2<br />

possa – esquecido! – dormir!<br />

Nem pedra, nem cruz. Por cima,<br />

apenas, a agreste rima<br />

de uma jurema – a florir... 3<br />

(O corpo dorme. É outro, o ritmo<br />

da Alma – ardente logaritmo,<br />

que só com o Ideal condiz.<br />

Que vale, pois, um letreiro,<br />

sobre o nada passageiro<br />

da crisálida infeliz?).<br />

O epitáfio mais pomposo,<br />

a quem, porventura, o gozo<br />

do que não teve, dará?<br />

– Na vala comum, não dorme,<br />

o diamante rude e enorme<br />

do crânio de Itajubá? 4<br />

517

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!