In pulverem38 - Othoniel Menezes

Flamboyant
Todo rubro – um clarim do verão, na folhagem –
a fronde chamejando ao sol do meio-dia,
o altivo flamboyant lembra um rei de poesia
soturno, a delirar, vendo em sangue a roupagem...
Mágoa de haver perdido a princesa, que o pajem
lhe roubara, depois do combate, em que a fria
lâmina do florete o abateu! A magia
de uma fada cruel lhe transmudou a imagem...
Chumbado à terra negra, hoje, é árvore. O escuro
corpanzil de guerreiro apruma, além do muro,
e parece bradar o alarma contra o pajem...
Mostra do antigo drama a chaga, ardendo, acesa
no peito ensangüentado – em flor, sobre a paisagem –,
sonhando um novo duelo e esperando a princesa!
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