14.04.2013 Views

In pulverem38 - Othoniel Menezes

In pulverem38 - Othoniel Menezes

In pulverem38 - Othoniel Menezes

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

834<br />

Adeus, areias em que andei na infância,<br />

brisas das horas em que o sol não arde,<br />

moitas das dunas de sutil fragrância,<br />

lagoas brancas, bem-te-vis da tarde!<br />

O “caso Ferreira Itajubá” é inquestionável; se enquadra, de fond<br />

en comble, 256 na premissa da lapidar assertiva estética de Henri<br />

Brémond: 257 Il y a des poètes qui savent faire des vers, parce qu’ils sont<br />

poètes; et il y a des poètas qui sont poètes parce qui`ls savent faire des vers.<br />

E Jacques Maritain 258 não afirmava – e com que ponderável<br />

autoridade! – que a poesia na sua pura essência espiritual, transcende<br />

toda técnica; transcende a própria arte? Pectus est quod disertos<br />

facit 259 não é, em prisco latim, o mesmo que em adamantino 260<br />

francês, disse o espiritualíssimo visionário de Namauna e Nuits, 261<br />

Ah! Frappé-toi le coeur, c’est là qu’ est le génie! 262<br />

<strong>In</strong>conscientemente, repitamos – por que não dizermos<br />

subconscientemente?–, sempre amparado no colo da fada de sua<br />

inocência de bárbaro não sofreu Itajubá a tirania pânica da gramática,<br />

a sinistra sibila, egressa dos pulverulentos hipogeus do Mediterrâneo,<br />

e a que o próprio João Ribeiro 263 “chamava de esgoto<br />

que recolhe a atrabílis e as revoltas dos desequilíbrios mentais”.<br />

Cáspite! Nenhum de nós outros, desde Lourival Açucena, irrequieto<br />

Anacreonte 264 dos suaves convívios pelos numerosos<br />

caramanchões do Barro Vermelho e da Passagem, nos princípios<br />

deste século, velho fauno latinista, canário e garnizé da cabocla<br />

Porangaba, até esse superestesiado, paradoxal, poliédrico<br />

Esmeraldo Siqueira, dispensando no bate-papo dos cafés a joalheria<br />

de mil e uma noites de um estro celinesco 265 e uma formidável<br />

cultura literária – nenhum de nós, reconheçamos sem falsas modéstias,<br />

desencantou coisas mais lindas.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!