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In pulverem38 - Othoniel Menezes

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Todo o sertão – como o gigante das Mil e uma noites coube no<br />

bojo de uma garrafa de cristal – está inteiro neste livro, prisioneiro<br />

do poder poético que tudo arrebatou, árvores e vaqueiros,<br />

serras e gados, várzeas, tabuleiros, silêncios doces, frêmitos do<br />

meio-dia, tardes de contemplação, noites de estrelas vivas:<br />

Sertão selvagem de Euclides!<br />

prosaicamente progrides,<br />

mas, nada te corrompeu!<br />

Paraíso de minha infância,<br />

ingênuo como uma estância<br />

de Casimiro de Abreul 7<br />

Touceira de xiquexique,<br />

cercadão de pau-a-pique,<br />

dez léguas de tombador...<br />

Mar de panasco dourado,<br />

bogari, cravo encarnado<br />

– SERTÃO DE ESPINHO E DE FLOR!<br />

Mantendo o ritmo tradicional e secular do setissílabo, gênio<br />

do idioma, molde popular, na fórmula AABCCB, 8 de notável formosura<br />

em sua simplicidade, o poeta realizou o poema do sertão<br />

vivo, em rimas naturais, rápidas, inesgotáveis, espelhando em pormenor<br />

e conjunto, psicologia, crítica social, etnografia, folclore,<br />

com o conhecimento infinito de fauna e flora, costumes, modismos,<br />

o próprio mecanismo do raciocínio; precisando, de maneira<br />

impecável e feliz, uma sucessão de frases e de imagens que fotografam,<br />

sem retoque e sem pose, o sertão, com seus espinhos e<br />

suas flores:<br />

Ah! Quem me dera, o tesouro<br />

da lira mágica, de ouro,<br />

que Apolo 9 deu a Anfion! 10<br />

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