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In pulverem38 - Othoniel Menezes

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ções hebréias. Isto pode ser observado em certos atos praticados no agreste<br />

e no sertão de Pernambuco, e em outros Estados nordestinos que, sem<br />

sombra de dúvida, foram absorvidos do judaísmo. Um deles, por exemplo,<br />

diz respeito à exigência de ser sepultado com mortalha e sem caixão.<br />

E, um outro, refere-se à prática de colocar pedrinhas sobre os túmulos.<br />

Mesmo sem saber, as pessoas que repetem esses costumes poderão ter<br />

uma ascendência judaica”. O autor destas notas, por sua vez, discorrendo<br />

sobre holandeses e judeus no Rio Grande do Norte (“De Natal a<br />

Manhattan”, revista Ciência Sempre, Ano 3, Número 6, agosto/setembro,<br />

2007, p. 28-29), anotou: “[...] Significativa, intensa até, foi a presença israelita<br />

no Nordeste durante a ocupação flamenga. Tangidos de Portugal e Espanha,<br />

acusados de heresias – vivendo outros na própria Holanda mas originários<br />

da Península, – os sefardins, ricos, chegavam aos nossos portos, atraídos<br />

pelo comércio, ganhando dinheiro, prosperando. No Recife, fundaram a<br />

primeira sinagoga das Américas. Gilberto Freire afirmava que, desde Cabral,<br />

de dez portugueses que vinham para cá, oito eram judeus marranos (cristãos-novos).<br />

No Rio Grande, hoje, pouca gente se dá conta da sua origem<br />

hebraica. Vencidos os holandeses nos Guararapes, liberada a Capitania, sua<br />

fortaleza e sua vila primeira (Natal), a maioria dos judeus afortunados da<br />

região – marranos ou não – se escafedeu para o Caribe e para uma outra<br />

“Nova Amsterdã”, um entreposto flamengo, na ilha de Manhattan – que<br />

depois, sob o guante da espada inglesa, viria a ser chamada de Nova Iorque.<br />

Esse grupo ajudaria a fundar o império capitalista americano. Os outros, os<br />

menos bafejados pela sorte, obrigados novamente a se cristianizarem, foram<br />

palmilhar os caminhos do sertão, misturando-se às populações indígenas.<br />

Ficaram, todavia, os sobrenomes reveladores: Carvalho, Moreira,<br />

Nogueira, Oliveira, Pinheiro, Lopes, Dias, Nunes, Souza, Medeiros, Costa,<br />

Cardoso, Fonseca e tantos outros. Dos costumes e manias – afirmam,<br />

por aí –, deixaram-nos a carne de sol, o comércio à prestação, de porta em<br />

porta, a pintura das casas no final do ano, a sangria dos animais para a<br />

alimentação, o sepultamento dos defuntos envolvidos em mortalhas. Os<br />

holandeses, por sua vez, parece (ainda bem, ainda bem!), só nos deixaram<br />

os Wanderley do Assu –salvas algumas poucas exceções, gente de brio, de<br />

prumo, de engenho e de muita arte, até nossos dias [...]”<br />

68 Georg Wilhelm Freireyss (1789-1825). Naturalista alemão. Acompanhou<br />

o príncipe Maximiliano de Wied-Neuwied, em expedições científicas<br />

por Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Bahia.

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