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In pulverem38 - Othoniel Menezes

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tência de Esmeraldo Siqueira, que já havia obtido pleníssimo sucesso num<br />

empréstimo, “Doutor Eloy”, recebe a dupla de poetas. Depois das amenidades,<br />

do animado bate-papo sobre literatura, recordações mil sobre<br />

Henrique Castriciano, <strong>Othoniel</strong>, desconfiado, pleiteou o papagaio, para a<br />

devida e competente consignação em folha. Foi um desastre: o velho<br />

perrepista Eloy, mandando servir o cafezinho de praxe, negou, sumariamente,<br />

os poucos cruzeiros almejados e, de lambuja, sereno, sentenciou:<br />

“Nada posso fazer, poeta <strong>Othoniel</strong>. Lembre-se de que, para Vossa Mercê,<br />

sou um mosquito africano, um mero anopheles gambiae da literatura...<br />

potiguar!”. E nada mais disse, nem nada mais lhe foi perguntado (Ver,<br />

adiante, nota em Velhas cartas).<br />

328 OM, pela idade, não logrou interagir com Itajubá. Era, este, 19 (ou 20)<br />

anos mais velho. No entanto, conhecia-lhe as agruras, o que lhe acontecera<br />

no Rio de Janeiro, pois foi amigo de dezenas de companheiros, de<br />

íntimos do poeta de Branca. E havia conhecido, pessoalmente, de longe,<br />

seu ídolo Manoel Virgílio Ferreira. Em textos inéditos que produziu para<br />

este ensaio – preciosidades hoje em poder do autor destas notas, que não<br />

sabe porque seu pai não os publicou –, um desses revela a juvenil admiração<br />

que tinha pelo cantor da “Barcarola”. Em 1908 (ou 1909), aos 13 ou<br />

14 anos de idade: “[...] durante uma passeata de operários da Great Western<br />

em greve [escreveu OM], vimo-lo, ovacionado freneticamente, assomar a<br />

uma das janelas do sobrado da Estação, transfigurado, a fronte escantoada<br />

[que tem os ossos muito salientes; ossuda], formosíssima, iluminada pelos<br />

divinos eflúvios do gênio, aqui e ali engasgado pelo escachoar dos<br />

vocábulos, bradando para a praça onde o povo fervilhava [...]”. OM sabia,<br />

por exemplo, que muitos anos depois da morte do vate, existia no Bairro<br />

Anchieta, logradouro da comunidade operária das Rocas, uma célula de<br />

estivadores do PCB, antigos companheiros, com o nome de “Ferreira<br />

Itajubá”. Na sede do núcleo comunista – enquanto esteve na legalidade o<br />

partido do senador Carlos Prestes, o retrato do tribuno fundador da Liga<br />

Operária Norte-Rio-Grandense ali estivera, ao lado das grandes figuras<br />

representativas do credo marxista. Nessas anotações inéditas, OM revela,<br />

também, outro fato importante sobre Ferreira Itajubá no Rio de Janeiro:<br />

Henrique Castriciano lhe contara que o poeta, num encontro, “confessou<br />

achar-se em preparativos e entendimentos, junto a um certo prócer em<br />

oposição ao situacionismo pedrovelhista, para vir fundar um jornal de<br />

combate, e derrubar a oligarquia.”.

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