Microsoft Word - Tributa\\347\\343o no Brasil eo IU.doc - Marcos Cintra
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PREFÁCIO<br />
O Estado organizado é imprescindível para a estabilidade da sociedade, num regime<br />
democrático. Os interesses individuais e de grupos sócio-eco<strong>no</strong>micamente mais fracos<br />
precisam ser protegidos <strong>no</strong>s seus confrontos com os dos mais fortes, cabendo ao Estado<br />
esta missão. A dominação dos fracos pelos fortes será sempre uma constante se prevalecer<br />
o Laissez Faire.<br />
A história, em todos os tempos, registra hegemonias em relações humanas, que vão<br />
desde a escravatura total passando por várias das suas nuanças ou gradações até formas de<br />
exploração mais amenizadas. A sociedade industrial criou conflitos incríveis entre o capital<br />
e o trabalho. O Estado fortaleceu-se como instituição, procurando arbitrá-los com alguma<br />
eqüidistância. Na era pós-industrial os conflitos não foram minimizados, apesar do<br />
exercício da liberdade e da democracia, pois a assunção do poder pelos ricos, direta ou<br />
indiretamente como regra, acentua a concentração de riqueza nas mãos de poucos e a<br />
relação de hegemonia sobre os despossuídos.<br />
É impensável, hoje em dia, uma sociedade sem um Estado moderador das relações<br />
sociais, políticas e econômicas entre' os estratos da população. A classe média alimentada<br />
pela ilusão capitalista de possível ascensão para a classe mais alta também é fator de<br />
equilíbrio e estabilidade. Neste caso, a ambição pessoal baseada em sonhos utópicos ou<br />
realizáveis evita turbulências e convulsões sociais. Pela possibilidade de, por meio da<br />
militância, galgar posições políticas, o proletariado suporta iniqüidades e, com a retórica<br />
lastreada em ética canhestra, acredita que, <strong>no</strong> poder, fará reformas na eco<strong>no</strong>mia e na<br />
sociedade, por ações políticas, o que na prática quase nunca consegue. Não raro, ao assumir<br />
o poder, comporta-se como revanchista, adquire hábitos burgueses, descompromissa-se da<br />
moral e acaba freqüentemente até locupletando-se. A classe alta domina pelo econômico,<br />
ingerindo o poder político pela eleição ou unção de prepostos em postos-chaves do<br />
Gover<strong>no</strong> e da burocracia.<br />
De qualquer sorte, o Estado é meta de quem alimenta devaneios de poder, seja do<br />
estrato baixo, médio ou alto, cada um à sua maneira e por suas razões. O vezo atual é de<br />
que <strong>no</strong> "n<strong>eo</strong>liberalismo", o Estado deve ser reduzido à expressão mais simples e muito fará<br />
se não atrapalhar as forças vivas da comunidade, ao equacionarem e resolverem livremente<br />
os seus problemas. Uma democracia com pluralismo id<strong>eo</strong>lógico, regime capitalista<br />
estribado em eco<strong>no</strong>mia de mercado, com imprensa independente e protagonizadora de<br />
clareza, transparência e fidelidade aos acontecimentos contribui decisivamente para que os<br />
segmentos sociais se integrem e se harmonizem diminuindo as explorações e. realçando<br />
expressivamente o papel do Estado como árbitro imparcial. Na prática ,não acontece bem<br />
assim, já que o poder de negociação pende sempre para o eco<strong>no</strong>micamente mais forte, <strong>no</strong><br />
caso o empresário capitalista que, usando vários pretextos, procura justificar até o sacrifício<br />
do salário do trabalhador.<br />
É certo que os pla<strong>no</strong>s estratégicos e os programas de Gover<strong>no</strong> devem ser coerentes<br />
com o modelo econômico vigente sintonizado com a corrente id<strong>eo</strong>lógica dominante e que<br />
se contrapõem às benesses de classes mais abastadas, de vez que, eticamente, o interesse<br />
social deve prevalecer sobre o individual missão que só pode ser levada a bom termo por<br />
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