Microsoft Word - Tributa\\347\\343o no Brasil eo IU.doc - Marcos Cintra
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O que interessa ao FMI é a consecução de um superávit primário, excluindo o<br />
pagamento dos juros. Ele pode ser conseguido pela elevação de impostos ou pela redução<br />
de gastos. Cabe aos gover<strong>no</strong>s orquestrar esse roteiro. Se o gover<strong>no</strong> conseguisse os 2,5% do<br />
PIB (Produto Inter<strong>no</strong> Bruto) com a privatização ou a eco<strong>no</strong>mia de custos com a<br />
desregulamentação, seria indiferente para o FMI. O <strong>Brasil</strong> quer esses US$ 12,5 bilhões. O<br />
México conseguiu esse dinheiro com a privatização da Telmex (telecomunicações) e de<br />
dois bancos estatais: o Banamex e o Bancomer.<br />
O tributarista Ives Gandra, diante da urgência, está propondo medidas práticas<br />
como o incentivo a empresas que fiquem abaixo da inflação, que a União suspenda<br />
repasses a Estados e municípios devedores e a regulamentação dos gastos do setor<br />
público com pessoal.<br />
Tentamos um esquema de incentivo e punição, na década de 60, sobre as empresas<br />
que elevassem os preços acima da média. Intelectualmente é sedutor, mas houve<br />
dificuldades para sua administração.<br />
E quanto à suspensão dos repasses?<br />
A União pode negar-se ao desembolso, como prevê a Constituição. Ameaçar com a<br />
retenção é uma arma eficaz. Mas não funciona para São Paulo porque os repasses para o<br />
Estado são relativamente inexpressivos.<br />
IMPOSTO ÚNICO<br />
Editorial Folha de S. Paulo, 24/11/91<br />
A proposta de criação de um Imposto Único sobre Transações (<strong>IU</strong>T) vem rapidamente se<br />
destacando <strong>no</strong> interior das discussões sobre reforma tributária. Inicialmente recebida com<br />
ceticismo dado seu caráter i<strong>no</strong>vador e radical, a idéia hoje constitui uma referência<br />
praticamente obrigatória.<br />
O fenôme<strong>no</strong> está diretamente associado à percepção generalizada acerca da<br />
inviabilidade de tentar recuperar o atual sistema tributário. Seus vícios e distorções são<br />
tantos que o transformaram em um dos mais custosos, arbitrários e ineficientes do planeta.<br />
Com efeito, o número de tributos existentes <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> ultrapassou os limites do<br />
razoável. Mesmo assim, a arrecadação correspondente é baixa, apesar de sucessivas<br />
modificações terem elevado as alíquotas de alguns impostos a níveis inconcebíveis <strong>no</strong> resto<br />
do mundo.<br />
A tributação incidente sobre os lucros é desmesurada, enquanto o Imposto de Renda,<br />
embora não seja alto comparativamente ao de outras nações, revela-se exorbitante<br />
relativamente aos padrões de renda dos assalariados brasileiros.<br />
Dado este conjunto de peculiaridades, a evasão fiscal cresceu de maneira g<strong>eo</strong>métrica.<br />
A prática da sonegação tomou-se corriqueira; a corrupção se generalizou. A eco<strong>no</strong>mia<br />
informal se desenvolveu e<strong>no</strong>rmemente, corroendo a amplitude da base tributária. Nessas<br />
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