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Microsoft Word - Tributa\\347\\343o no Brasil eo IU.doc - Marcos Cintra

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produtos especiais. A desvantagem comum a todos os projetos "papirófilos" é que<br />

preservam, em maior ou me<strong>no</strong>r grau, as corruptas burocracias do Fisco e o infer<strong>no</strong><br />

<strong>doc</strong>umental do contribuinte.<br />

Os "exóge<strong>no</strong>s" entendem, com razão, que existe <strong>no</strong> País uma rebelião fiscal, que torna<br />

o sistema clássico irrecuperável e irremendável. Dessarte, só valeria a pena um modelo<br />

fiscal que apresentasse quatro características e eliminasse cinco efeitos.<br />

As características desejáveis são:<br />

• um fator gerador suficientemente abrangente para elidir a barreira entre a<br />

eco<strong>no</strong>mia informal (que não paga), a eco<strong>no</strong>mia estatal (que paga pouco), e as<br />

vítimas "fiscais" (que são os assalariados com carteira assinada e as empresas do<br />

setor formal);<br />

• alíquotas baixas para converter a sonegação de uma esperteza numa safadeza (<strong>no</strong><br />

caso do imposto único sobre transações financeiras, o teto de tolerância parece ser<br />

de 1% dos dois lados - o devedor e o credor);<br />

• arrecadação automática, e não artesanal;<br />

• repasse instantân<strong>eo</strong> aos beneficiários - União, Estados, municípios e Previdência<br />

Social.<br />

Os cincos efeitos a ser evitados seriam:<br />

• o efeito PF - pagamento por fora (achaques fiscais e sonegação <strong>no</strong>s serviços de<br />

profissionais liberais, por exemplo):<br />

• efeito PC (Paulo César), isto é, a corrupção na intermediação de verbas;<br />

• o efeito "Tanzi", isto é, a corrosão inflacionária da receita entre a coleta e a<br />

disponibilidade;<br />

• o efeito "papiro", isto é, a proliferação de <strong>doc</strong>umentos e livros de arrecadação;<br />

• o feito "toga", isto é, o entupimento do Poder Judiciário por querelas fiscais.<br />

É comovente a pr<strong>eo</strong>cupação de <strong>no</strong>ssos fiscalistas com o risco da perda de receita nas<br />

propostas "exógenas". Comovente e ridícula. No atual sistema o vaza- mento é de 40% a<br />

50% da capacidade extrativa, em resultado da sonegação. No imposto sobre transações<br />

financeiras, com alíquota baixa, tanto a tentação de sonegação como o custo de arrecadação<br />

seriam apenas uma fração da atual.<br />

Os argumentos contrários que tenho ouvido revelam apenas uma das três coisas:<br />

medo da i<strong>no</strong>vação, excessivo apego à tradição e falta de imaginação. O mais cômico dos<br />

argumentos é o que eu chamo de "perigo delicioso": com a queda da inflação, despencaria a<br />

arrecadação! Se existe essa perspectiva, o imposto deve ser rapidamente implantado e seus<br />

inventores, homenageados com estátuas.<br />

Dizia o general De Gaulle que a França só comportava dois desti<strong>no</strong>s: ou a extrema<br />

grandeza ou a exemplar mediocridade. No <strong>Brasil</strong> também não há meio-termo: com<br />

reformas i<strong>no</strong>vadoras o País é facilmente viável; sem elas, totalmente irrecuperável.<br />

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