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Microsoft Word - Tributa\\347\\343o no Brasil eo IU.doc - Marcos Cintra

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Assim, as propostas sérias de reforma tributária, desde as de corte tradicional até as<br />

mais revolucionárias, reconhecem invariavelmente que os excessos fiscais dos últimos a<strong>no</strong>s<br />

levaram a um sistema tributário que só pode ser corrigido através do alargamento do<br />

universo de contribuintes.<br />

As propostas de corte ortodoxo conservam os fatos geradores tradicionais (renda,<br />

consumo e propriedade), buscando simplicidade pela eliminação de impostos ineficientes e<br />

pela unificação de tributos com bases de cálculo semelhantes, eliminando os casos mais<br />

graves de sobretaxação e procurando compensação em termos de receita pela criação de<br />

uma carga tributária mais difusa, com o uso de impostos de amplo espectro de incidência,<br />

sobre transações financeiras ou seletivos sobre bens ou insumos de uso generalizado, em<br />

substituição àqueles eliminados.<br />

A grande dificuldade dessas propostas ortodoxas está em que, quanto mais atacam as<br />

questões da simplificação e da sobretaxação do setor formal, me<strong>no</strong>s se mostram capazes de<br />

gerar ajuste fiscal pela via tributária. De fato, tais medidas, que <strong>no</strong> médio prazo levariam à<br />

ampliação do universo de contribuintes pela redução da relação benefício/ custo da<br />

sonegação e da informalidade, gerariam <strong>no</strong> primeiro instante perda de arrecadação.<br />

As propostas revolucionárias abandonam os fatos geradores usuais, enfatizando a<br />

automaticidade de arrecadação e o alargamento imediato do universo de contribuintes, pela<br />

redução dramática do número de tributos, pela eliminação dos impostos declaratórios e pela<br />

utilização dos mencionados tributos de incidência abrangente.<br />

O arquétipo de proposta revolucionária de reforma é a do imposto único sobre<br />

transações financeiras (<strong>IU</strong>T), sugerido por <strong>Marcos</strong> <strong>Cintra</strong> Cavalcanti de Albuquerque, que<br />

pretende substituir o conjunto de todos os tributos arrecadadores dos três níveis do gover<strong>no</strong><br />

geral por um único imposto, que incidiria sobre todas as transações monetárias do sistema<br />

bancário.<br />

O <strong>IU</strong>T responde admiravelmente a algumas das necessidades básicas de uma reforma<br />

tributária para o <strong>Brasil</strong>. Incidindo sobre a mais ampla base possível, a totalidade das<br />

transações financeiras, permitiria a utilização da alíquota mínima para uma dada<br />

arrecadação desejada, o que reduziria substancialmente a relação benefício/ custo da<br />

sonegação. Alcançaria a informalidade, alargando extraordinariamente o universo de<br />

contribuintes. Eliminando as obrigações acessórias típicas dos impostos declaratórios e<br />

concentrando á arrecadação <strong>no</strong> sistema bancário reduziria drasticamente o custo da<br />

administração e da fiscalização dos tributos. Não é de admirar, assim, que o <strong>IU</strong>T seja<br />

extremamente popular entre os contribuintes, bem como <strong>no</strong> Congresso, onde obteve,<br />

segundo pesquisa conduzida por Góes & Piquet Consultores Associados (1992), um<br />

coeficiente de aprovação de 58%.<br />

O <strong>IU</strong>T enfrenta, <strong>no</strong> entanto, grande resistência acadêmica: seria regressivo, por criar<br />

uma carga tributária desligada da capacidade contributiva de cada um; as simplificações<br />

obtidas com a redução de obrigações acessórias seriam ilusórias, já que todos os<br />

procedimentos contábeis usuais seguiriam sendo necessários para fins societários; incidindo<br />

em cascata, geraria incentivo à verticalização do processo produtivo; pela mesma razão,<br />

penalizaria exportações e favoreceria importações; o sistema tributário perderia sua<br />

flexibilidade funcional, já que se tornariam inviáveis isenções ou incentivos a determinados<br />

investimentos setoriais, ou regionais (o <strong>IU</strong>T deveria ser aplicado de forma rígida, recusando<br />

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