Microsoft Word - Tributa\\347\\343o no Brasil eo IU.doc - Marcos Cintra
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estoque previdenciário, possibilitando também uma folga para o ajuste fiscal. Mas, na ânsia<br />
de garantir recursos para a goela do Fisco, complica-se o sistema pela introdução de um<br />
“imposto especial” sobre combustíveis, comunicações, fumo e bebidas e pela criação de um<br />
imposto sobre o ativo líquido das empresas. Trata-se de inepta sugestão do FMI, com base<br />
<strong>no</strong> modelo mexica<strong>no</strong>.<br />
Diferentemente do <strong>Brasil</strong>, as grandes empresas mexicanas escapavam do Imposto de<br />
Renda por meio de isenções contratuais, que se transformaram em "direitos adquiridos". O<br />
imposto sobre o patrimônio foi um artifício para contornar esse abuso de incentivos. Mas<br />
começam a surgir complicações administrativas. Foi preciso isentar o setor financeiro,<br />
assim como as empresas em fase de implantação, fusão e incorporação. E como varia<br />
e<strong>no</strong>rmemente o retor<strong>no</strong> sobre os ativos, outros setores passaram a receber tratamento<br />
diferenciado, como por exemplo, a sobretaxação dos investimentos em infra-estrutura e<br />
mineração. Em breve os mexica<strong>no</strong>s terão uma bela "alfaiataria fiscal". O transplante desse<br />
modelo seria bobagem aguda <strong>no</strong> caso brasileiro. Mais de 60% das grandes empresas<br />
tiveram prejuízos em 1991, situação que tende a se prolongar este a<strong>no</strong>. O imposto sobre o<br />
patrimônio seria um imposto sobre prejuízos, sendo escasso consolo para as empresas<br />
desembolsar caixa presente para descontar do imposto devido <strong>no</strong> futuro.<br />
A verdade é que, em matéria de reforma fiscal, o gover<strong>no</strong> Collor tem sido de<br />
majestosa incompetência. O País estaria muito melhor se <strong>no</strong> Pla<strong>no</strong> Collor 1, aceito<br />
humildemente pelo Congresso, tivessem sido programadas reformas estruturais em vez de<br />
tributos de emergência que puniram a poupança e quase mataram a Bolsa de Valores. No<br />
fim do a<strong>no</strong> passado, após meses de trabalho inaproveitado da Comissão de Notáveis, os<br />
burocratas do Fisco apresentaram um "remendão" fiscal aprovado pelo Congresso em<br />
dezembro. Esse "remendão" estreitou a base tributária, complicou o Imposto de Renda das<br />
pessoas jurídicas, criou <strong>no</strong>vas angústias contábeis e foi votado à custa de uma barganha<br />
indecorosa com Estados e municípios caloteiros. Num país já afligido pela Lei de Gérson,<br />
criou-se uma <strong>no</strong>va deformação cultural: "o calote compensa". Há mais de dois a<strong>no</strong>s falamos<br />
de ajuste fiscal e até agora o que tivemos foi um prêmio aos desajustados...<br />
EXÓGENOS E PAPIRÓFILOS:<br />
“OS déficits não provêm de os gover<strong>no</strong>s tributarem de me<strong>no</strong>s, e sim de gastarem demais”.<br />
Presidente Ronald Reagan<br />
Roberto Campos<br />
O Estado de S. Paulo, 5/7/92<br />
A angústia inflacionária tem gerado uma superprodução de propostas de ajuste fiscal.<br />
Esta é a <strong>no</strong>va mágica, que substituiria os choques heterodoxos como cura final da inflação.<br />
Naturalmente, o problema é mais complexo. É preciso criar uma cultura antiinflacionária. E<br />
isso exige todo um elenco de reformas modernizantes <strong>no</strong> terre<strong>no</strong> da desregulamentação<br />
(para reduzir custos), da privatização (para aumentar a eficiência), da liberalização<br />
comercial (para aumentar a concorrência), da integração internacional (para atrair<br />
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