Microsoft Word - Tributa\\347\\343o no Brasil eo IU.doc - Marcos Cintra
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que afetam diretamente o consumidor. É o caso do IPI, do ICMS, do ISS e do imposto<br />
sobre combustíveis. Por que não juntar tudo isso num único imposto? O resultado será um<br />
custo me<strong>no</strong>r para fiscalizar e arrecadar.<br />
EXAME - Qual sua opinião quanto ao imposto sobre as grandes fortunas?<br />
EIVANY - Isso seria um desastre. Esse imposto sobre grandes fortunas não<br />
funcio<strong>no</strong>u em lugar nenhum. A França, por exemplo, tentou utilizá-lo e não conseguiu.<br />
Você pode tributar uma grande fortuna em sua própria formação. Já existe o imposto de<br />
renda para isso, sem falar <strong>no</strong> de transmissão e <strong>no</strong> de propriedade. Por que criar mais um?<br />
Isso é meramente a necessidade de arrecadar recursos.<br />
EXAME - A derrota do gover<strong>no</strong> <strong>no</strong> STF, em tomo do índice de correção do<br />
imposto de renda do a<strong>no</strong>-base de 1990, é a última de uma série de trapalhadas<br />
cometidas pelo Ministério da Eco<strong>no</strong>mia desde a posse do presidente Collor. Por que o<br />
gover<strong>no</strong> comete tanta confusão nessa área?<br />
EIVANY - As razões dessa grande confusão estão <strong>no</strong> fato de a equipe econômica<br />
anterior não ter tido nenhum apreço pelo ordenamento jurídico do país ao apreciar a<br />
questão. Embora os técnicos da Receita Federal tivessem elaborado um projeto<br />
juridicamente perfeito, que corrigia o imposto a pagar ou a restituir mês a mês, convertendo<br />
rendimentos e imposto na fonte em BTN, a medida foi rejeitada. O sistema deixaria muito<br />
evidente a perda de salário real ocorrida <strong>no</strong> a<strong>no</strong> passado. A equipe econômica anterior<br />
preferiu uma fórmula esdrúxula, que, além de ilegal, superestimou o imposto a pagar. O<br />
resultado foi uma trapalhada geral, que acabou por gerar e<strong>no</strong>rme esforço e perda tempo na<br />
arrecadação do imposto de renda neste a<strong>no</strong>. Espera-se que o incidente sirva, pelo me<strong>no</strong>s, de<br />
alerta ao Executivo e ao Congresso.<br />
A BAGUNÇA TRANSCENDENTE<br />
"Quando a gente sobe <strong>no</strong> telhado, é melhor não tirar a escada." Wittgenstein<br />
Roberto Campos<br />
O Estado de S. Paulo, 30/6/91<br />
O sistema fiscal brasileiro virou uma bagunça transcendente. Inclui 53 figuras<br />
tributárias em três níveis de gover<strong>no</strong>. São altos os custos de arrecadação para o gover<strong>no</strong> e o<br />
custo da obediência para as empresas, que enfrentam fiscais audazes, às vezes incapazes e<br />
sempre vorazes.<br />
Houve retrocesso. O Código Tributário, incorporado à Constituição de 1967, foi<br />
modernizante para sua época. Substituiu o imposto sobre vendas pelo imposto sobre valor<br />
adicionado, antes que vários países europeus o fizessem. O Fundo de Participação de<br />
Estados e Municípios e os fundos partilhados (imposto único sobre combustíveis, minérios<br />
e eletricidade) representavam razoável compromisso entre a conveniência de uma<br />
arrecadação centralizada e a necessidade de redistribuir regionalmente a renda.<br />
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