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Microsoft Word - Tributa\\347\\343o no Brasil eo IU.doc - Marcos Cintra

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VANTAGENS E PERIGOS<br />

DO IMPOSTO ÚNICO<br />

Celso Ming<br />

Jornal da Tarde 2/12/91<br />

A grande acolhida que vem recebendo o projeto de implantação do Imposto Único sobre<br />

Transações Financeiras mostra que a sociedade quer mesmo mudar e está cansada da<br />

derrama que Brasília está impondo, sempre sobre os mesmos contribuintes.<br />

A idéia é substituir os quase 60 impostos e taxas vigentes <strong>no</strong> País pela retenção de um<br />

imposto de 1 % sobre cada cheque ou operação de crédito feita por instituição financeira.<br />

Mas não seria propriamente um imposto único. O eco<strong>no</strong>mista <strong>Marcos</strong> <strong>Cintra</strong> Cavalcanti de<br />

Albuquerque, autor do projeto, entende que, além desse <strong>no</strong>vo imposto, teriam ainda de<br />

persistir dois ou três outros, como o Imposto sobre Comércio Exterior e o Imposto sobre a<br />

Propriedade Rural, mais com finalidade regulatória do que propriamente fiscal, ou seja,<br />

mais para que o gover<strong>no</strong> tivesse instrumentos para estimular ou não determinadas<br />

atividades, do que propriamente para garantir arrecadação.<br />

Mas é preciso discutir melhor essa proposta porque ela contém alguns perigos. São<br />

sete as principais objeções a esse <strong>no</strong>vo imposto. Convém examiná-las, uma a uma:<br />

(1) Regressividade - Alguns críticos argumentam que seria cobrado do assalariado<br />

exatamente o mesmo imposto, 1% sobre o pagamento, que seria cobrado sobre o dividendo<br />

pago ao acionista de uma empresa. E, mais do que isso, <strong>no</strong> consumo, o pobre também<br />

estaria sujeito ao mesmo imposto cobrado do rico, impedindo assim o cumprimento da<br />

justiça tributária.<br />

Em princípio, não se pode negar que falta ao Imposto Único um pouco do efeito<br />

Robin Hood (que tirava dos ricos para dar para os pobres), qualidade que se espera de um<br />

sistema tributário. Mas não dá para afirmar que o Imposto Único seria mais regressivo do<br />

que o sistema atual.<br />

Antes de mais nada, hoje o assalariado leva até 35% de desconto <strong>no</strong> seu salário, a<br />

título de imposto de renda na fonte, contribuição para a Previdência Social e outras facadas.<br />

E, depois, ao contrário do que acontece hoje, a população de baixa renda poderia acabar<br />

pagando bem me<strong>no</strong>s imposto indireto do que paga hoje. Basta dizer que os preços da<br />

maioria dos produtos de consumo popular vêm inchados com IPI e ICMS, estes sim<br />

fortemente regressivos. Além disso, o sistema atual tem um custo elevadíssimo, à medida<br />

que obriga as empresas a despender de 10% a 15% de sua despesa com a folha de<br />

pagamentos apenas para administrar a barafunda fiscal que hoje existe. E, naturalmente,<br />

esse custo acaba mesmo sendo despejado sobre o preço final.<br />

(2) Desintermediação financeira - A outra objeção é a de que o fato gerador do<br />

imposto, a transação financeira; levará o mercado a evitar o banco e a pagar por fora, com<br />

dinheiro vivo ou com permuta de mercadoria, a fim de não pagar imposto.<br />

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