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Microsoft Word - Tributa\\347\\343o no Brasil eo IU.doc - Marcos Cintra

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"O sistema tributário brasileiro é cheio de defeitos", reconhece Luiz Fernando<br />

Wellisch, secretário da Fazenda Nacional. Apesar desse mea-culpa, a verdade é que o<br />

gover<strong>no</strong> tem colaborado, sempre que pode, para aumentar a confusão, o peso dos impostos<br />

sobre as empresas e, assim, o processo realimentador da inflação. Exemplo disso foi a<br />

iniciativa do Confaz de antecipar, a partir de meados do a<strong>no</strong> passado, o recolhimento do<br />

ICMS pago pelas montadoras de veículos e indústrias de autopeças. Antes os impostos<br />

eram recolhidos apenas <strong>no</strong> momento em que a venda era efetivada nas concessionárias de<br />

automóveis. Agora são as próprias montadoras que recolhem o ICMS. "Estamos pagando<br />

impostos sobre mercadorias que ainda não foram vendidas", queixa-se Paoli. A antecipação<br />

tem um efeito perverso, além de caracterizar-se como um contra-senso em termos<br />

tributários. É que as montadoras, ante a demora em recuperar o valor adiantado na forma de<br />

impostos devido ao mercado retraído, são estimuladas a aumentar os preços acima dos<br />

custos para não ter prejuízos. "O imposto, é inflacionário", diz Paoli.<br />

Embora atrapalhe a vida das empresas e encareça os produtos fabricados <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>, a<br />

avalanche de impostos, taxas e contribuições criados <strong>no</strong>s últimos a<strong>no</strong>s tem feito a alegria<br />

dos escritórios de advocacia, talo número de pendências jurídicas que vão abrindo os<br />

avanços do Fisco. "O volume de inconstitucionalidades e de ilegalidades tributárias mostra<br />

que a ganância do Estado está levando o gover<strong>no</strong> para o campo da contravenção", diz Luiz<br />

Olavo Baptista, professor de Direito Internacional da USP e especialista em assuntos<br />

fiscais. "O Estado tor<strong>no</strong>u-se viola- dor das leis." Baptista já identificou 33 violações da<br />

Constituição ou de leis ordinárias devido a iniciativas do gover<strong>no</strong> na área fiscal.<br />

Do ponto de vista das empresas, o emaranhado tributário e as pendengas jurídicas<br />

traduzem-se num fumegante infer<strong>no</strong> administrativo. Fica difícil planejar o futuro sem saber<br />

qual será exatamente a despesa fiscal amanhã, e tanto mais se essa despesa estiver<br />

vinculada a alguma decisão em tribunais. Além disso, para administrar até 57 tributos, as<br />

empresas são obrigadas a manter um aparato burocrático cada vez maior e mais<br />

dispendioso. Tudo isso são gastos, são custos, são preços maiores. Tudo isso, numa palavra,<br />

é inflação. "O excesso de controles e de impostos é também um fator de elevação dós<br />

custos das empresas", diz Luiz Carlos Delben Leite, diretor-superintendente da Menig e<br />

presidente do Sindicato da Indústria de Máquinas e Equipamentos. "No caso das empresas<br />

me<strong>no</strong>res, esses excessos geram dificuldades tão grandes que acabam dando em esquemas<br />

de sonegação e corrupção."<br />

Por aí se vê que é um contra-senso a forma pela qual o gover<strong>no</strong> procura arrecadar<br />

impostos. "A primeira providência para fazer com que todos paguem é simplificar o<br />

sistema", diz o eco<strong>no</strong>mista Fernando Rezende, ex-coordenador <strong>no</strong> gover<strong>no</strong> da comissão de<br />

reforma tributária montada pela extinta Secretaria de Planejamento da Presidência da<br />

República <strong>no</strong> período de 1987 e 1988. Ele está convencido de que, como está, nem os<br />

especialistas conseguem entender o cipoal de impostos. "Desse jeito, quem pode contratar<br />

um bom escritório de advocacia acaba pagando me<strong>no</strong>s", diz Rezende. Outra distorção é<br />

criada pelos encargos elevados pagos à Previdência Social. "Este é um país de salários<br />

miseráveis e custo de mão-de-obra elevado devido às contribuições previdenciárias", diz o<br />

deputado e ex-ministro Roberto Campos, talvez o único brasileiro vivo que pode jactar-se<br />

de ter debelado a inflação. Ele costuma dizer que, <strong>no</strong> campo dos tributos, não existe <strong>no</strong><br />

<strong>Brasil</strong> uma carga fiscal, mas uma "taxa de extração". "O Estado não é um ente beneficente,<br />

mas um ente predador."<br />

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