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Microsoft Word - Tributa\\347\\343o no Brasil eo IU.doc - Marcos Cintra

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Neste esforço, nenhuma conciliação poderá ser admitida, nenhum argumento que não<br />

considere, com exatidão e ênfase, o estado de emergência em que vive a sociedade<br />

brasileira poderá ser aceito. Vencer a ameaça hiperinflacionária é um imperativo que não<br />

mais tolera providências ditadas por um aparente espírito de moderação e gradualismo: há<br />

um choque psicológico e político a ser feito, custe o que custar.<br />

Tampouco o empenho em realizar este choque imediato - sem o qual nenhum pla<strong>no</strong><br />

de estabilização poderá surtir efeito duradouro - deve ser entendido como um simples<br />

esforço contingencial a ser abandonado tão logo a eco<strong>no</strong>mia reencontrar condições<br />

mínimas de crescimento. Trata-se de ir mais além, discutindo soluções i<strong>no</strong>vadoras para os<br />

problemas estruturais do sistema econômico e social brasileiro. Se o esforço<br />

antiinflacionário exige, por exemplo, uma recuperação imediata das receitas do gover<strong>no</strong> -<br />

contemplando, assim, a necessidade de um aumento da carga tributária e de ações<br />

exemplares contra os sonegadores de impostos -, há que trazer ao debate, por outro lado,<br />

modificações mais profundas <strong>no</strong> próprio sistema de impostos, capazes de extinguir por<br />

completo suas conhecidas distorções - cujos exemplos mais flagrantes são, sem dúvida, o<br />

fato de os ganhos de capital serem insuficientemente gravados, com o peso relativo dos<br />

tributos recaindo sobre a massa dos assalariados, e o problema do crescimento da eco<strong>no</strong>mia<br />

informal, motivado pela extrema complexidade de um sistema fiscal inadministrável na<br />

prática.<br />

A proposta lançada pelo eco<strong>no</strong>mista e diretor da Fundação Getúlio Vargas, <strong>Marcos</strong><br />

<strong>Cintra</strong> Cavalcanti de Albuquerque, em artigo nesta Folha, merece sob este aspecto ser<br />

analisada com atenção e sem preconceitos. E, sem dúvida, polêmica; em seus aspectos<br />

técnicos e operacionais deve ainda ser objeto de muitos debates e conjeturas. Mas<br />

apresenta, pela sua sedutora simplicidade, vantagens claras sobre a atual estrutura, que<br />

muitas das críticas que tem recebido não pare- cem avaliar com precisão.<br />

A idéia pode ser resumida em poucas palavras. Trata-se de extinguir todos os<br />

impostos atualmente existentes, substituindo-os por um único tributo. Este incidiria, com<br />

uma alíquota única - possivelmente inferior a 2% -, sobre todas as emissões de cheques e<br />

ordens de pagamento. O sistema bancário recolheria esta porcentagem em todos os cheques<br />

emitidos, transferindo-a automaticamente para os cofres do gover<strong>no</strong>. As vantagens desse<br />

mecanismo não poderiam ser mais claras: instantaneamente, toda a imensa burocracia da<br />

arrecadação e da fiscalização dos impostos desapareceria por completo. Desapareceriam,<br />

também, todos os encargos e dificuldades que, tanto na vida cotidiana dos cidadãos como<br />

<strong>no</strong> interior das empresas, estão associados ao trabalho de prestar contas ao fisco:<br />

declarações de Imposto de Renda, escrituração das vendas, cuidados <strong>no</strong> acompanhamento<br />

da legislação. A sonegação fiscal, as tentativas de burla às determinações tributárias, a<br />

corrupção de fiscais, estariam extirpadas pela raiz. Toda a imensa rede informal de<br />

empreendimentos econômicos, formada em função da própria inviabilidade prática que<br />

conhecem as pequenas empresas para seguir à risca a miríade de obrigações fiscais, seria de<br />

imediato conduzida para o campo da legalidade, sem nenhuma possibilidade de subterfúgio<br />

e sem maiores sacrifícios. O alargamento da base tributária, à medida que se incorpore toda<br />

a massa da eco<strong>no</strong>mia subterrânea, que se acabe com toda hipótese de sonegação e de<br />

corrupção, permitiria que todos os atuais contribuintes pagassem proporcionalmente me<strong>no</strong>s<br />

impostos e dedicassem a atividades produtivas o tempo considerável que hoje é gasto nas<br />

relações com a estrutura de arrecadação do Estado.<br />

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