Microsoft Word - Tributa\\347\\343o no Brasil eo IU.doc - Marcos Cintra
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A REFORMA<br />
TRIBUTARIA EXIGE CORAGEM<br />
Eivany Silva<br />
Entrevista concedida à Nely Caixeta - Revista Exame, 26/6/91<br />
Nos vinte a<strong>no</strong>s em que trabalhou na Secretaria da Receita Federal, um dos mais<br />
eficientes órgãos da administração pública, hoje rebaixado a mero departamento pela<br />
reforma do início do atual gover<strong>no</strong>, o tributarista Eivany Antônio Silva conviveu com oito<br />
ministros da Fazenda, de Delfim Netto a Mailson da Nóbrega. Foi um período farto de<br />
criação de tributos, época em que bastavam uma caneta e um decreto-lei para saciar o<br />
insaciável apetite da máquina do Estado.<br />
A experiência <strong>no</strong> gover<strong>no</strong>, do qual se aposentou em março do a<strong>no</strong> passa- do, quando<br />
era subsecretário da Receita Federal, fez de Eivany, hoje diretor em Brasília da empresa de<br />
consultoria Arthur Andersen, um inflamado defensor de uma ampla reforma do sistema<br />
tributário do país. "Só com um número me<strong>no</strong>r de impostos, redução das alíquotas e<br />
melhoria na máquina fiscal o país conseguirá ter uma arrecadação eficiente", diz Eivany,<br />
um paulista de Bebedouro, de 52 a<strong>no</strong>s. Há pouco, ele foi encarregado pela Fenabrave,<br />
associação que reúne as revendedoras de veículos, de realizar um estudo destinado a servir<br />
de subsídio para a reforma tributária prometida pelo gover<strong>no</strong>. "Tenho medo de que essa<br />
reforma seja um ardil para a criação de mais impostos", diz Eivany. Ele inclui em seu vasto<br />
currículo, como um dos itens principais, a autoria da reforma que em 1989 reduziu de <strong>no</strong>ve<br />
para duas as alíquotas do imposto de renda da pessoa física.<br />
Na semana passada, véspera da acachapante derrota do gover<strong>no</strong> <strong>no</strong> Supremo Tribunal<br />
Federal, que por <strong>no</strong>ve votos a zero recusou a correção pretendida pela Receita para a<br />
declaração do IR de 1990, Eivany recebeu a editora de EXAME em Brasília, Nely Caixeta,<br />
para a seguinte entrevista:<br />
EXAME - Como simplificar o sistema tributário, tornando-o mais eficaz para o<br />
gover<strong>no</strong> e me<strong>no</strong>s oneroso para o contribuinte?<br />
EIVANY - Tem-se falado muito de reforma tributária, mas as pessoas falam dessa<br />
reforma de uma maneira inconseqüente. Fala-se, por exemplo, na criação de um imposto<br />
único sobre todas as operações financeiras. Qualquer cheque que fosse emitido, para<br />
qualquer pagamento, teria um imposto de 1% e mais nada. Se isso fosse possível,<br />
obviamente, teríamos uma simplificação absoluta. Ninguém sonegaria e a base tributável<br />
seria igual para todo mundo. Seria fantástico. Só que isso não existe em lugar nenhum do<br />
mundo. Não é esse o caminho.<br />
EXAME - Por quê?<br />
EIVANY - O sistema tributário, em todos os países, destina-se não apenas a arrecadar<br />
receitas para o Estado, mas, também, a induzir ao desenvolvimento econômico. Tributa-se<br />
me<strong>no</strong>s uma área da atividade econômica que se pretende incentivar ou tributam-se mais<br />
outras que se deseja combater. Por que o cigarro, por exemplo, tem esse imposto altíssimo?<br />
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