Microsoft Word - Tributa\\347\\343o no Brasil eo IU.doc - Marcos Cintra
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eliminado o imposto sobre o produto exportado; 2) quando o imposto de consumo é<br />
cobrado ao longo do processo produtivo, sobre o valor agregado em cada etapa (<strong>no</strong>ssos<br />
ICMS e IPI); isenta-se a fase final e aproveita-se o crédito gerado nas etapas anteriores. O<br />
resultado é o mesmo.<br />
A isenção das exportações é inviável com o imposto único, que seria uma tributo em<br />
cascata. São milhares as transações financeiras envolvidas na produção de um bem, umas<br />
impactando outras em termos de tributação. Seria impossível calcular o custo preciso do<br />
imposto. Um mesmo produto teria carga tributária distinta, dependendo da empresa que o<br />
fabricasse e do seu grau de verticalização.<br />
Pode-se tentar contornar o problema de duas maneiras: 1) O gover<strong>no</strong> devolveria o<br />
imposto pago; seria uma solução pior, pois, além de não de saber o valor a devolver, o<br />
exportador ficaria à mercê das dificuldades do Tesouro; 2) O exportador teria um crédito<br />
fiscal sobre cada transação realizada; exigir-se-ia um mecanismo mais complicado e<br />
oneroso do que o atual, com escrituração fiscal, controles, livros, fiscalização etc.,<br />
eliminando um dos charmes da idéia, a simplificação.<br />
Portanto, o imposto único seria prejudicial às exportações. Quanto ao Mercosul,<br />
mesmo que descontado o excessivo otimismo oficial que prevê a união já em 1995, essa é<br />
uma tentativa de integração regional da América Latina com efetiva chance de sucesso.<br />
Pela primeira vez, juntam-se vontade política e amplo interesse empresarial.<br />
A união econômica exige harmonização tributária: o imposto de consumo deve ser o<br />
mesmo tipo em todos os países membros, com regras e alíquotas uniformes para preservar a<br />
neutralidade do tributo sobre a formação dos preços.<br />
Essa tem sido uma das grandes tarefas atuais da Comunidade Econômica Européia.<br />
Todos os seus membros já aderiram ao imposto sobre o valor agregado; as alíquotas serão<br />
compatibilizadas até 1993.<br />
Assim, se o <strong>Brasil</strong> implantasse o imposto único, seria preciso que a Argentina, o<br />
Uruguai e o Paraguai também. o fizessem para que o Mercosul se tornasse uma realidade.<br />
Ao contrário, a Argentina está procurando recuar do imposto sobre os cheques, semelhante<br />
ao imposto único, depois que a queda da inflação e a experiência vieram mostrar seus<br />
grandes inconvenientes.<br />
O fascínio em relação ao imposto único não pode obscurecer os riscos que ele<br />
encerra, inclusive o de levar o <strong>Brasil</strong> ao isolamento internacional ou de a proposta ser<br />
utilizada pelo gover<strong>no</strong> para a criação de mais um tributo. Valeria, por isso, ampliar o debate<br />
e a reflexão em tor<strong>no</strong> da idéia para possibilitar a prudente consideração de todas as<br />
circunstâncias que cercariam sua eventual implantação.<br />
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