Microsoft Word - Tributa\\347\\343o no Brasil eo IU.doc - Marcos Cintra
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obra e do risco envolvido, o fato é que as transações na eco<strong>no</strong>mia real são unidirecionais e<br />
não bidirecionais. O fornecedor não compra necessariamente do seu comprador e este<br />
geralmente vende a terceiros. Compensações poderiam ocorrer dentro do mesmo grupo,<br />
mas este tipo de sonegação já existe <strong>no</strong> presente, e em muito maior escala, pois vivemos<br />
num manicômio fiscal. Quinto, a dificuldade de isenção fiscal para as exportações. Os<br />
atuais incentivos à exportação são muito me<strong>no</strong>s eficazes do que se pensa. Não há isenção<br />
<strong>no</strong> caso de bens primários e semimanufaturas. Mesmo <strong>no</strong> caso dos produtos manufaturados<br />
incidem o Finsocial, o PIS-Pasep e o IOF. A isenção para as exportações se torna teórica<br />
quando há interrupções na cadeia produtiva. Isso ocorre hoje, pois máquinas e bens de<br />
produção são considerados bens de consumo final, e não insumos, interrompendo-se a<br />
cadeia dos créditos descontáveis. E quando há acumulação de crédito na ponta final de<br />
exportação, é difícil e lento o ressarcimento dos créditos fiscais. A exportação seria<br />
e<strong>no</strong>rmemente beneficiada pela dramática simplificação burocrática traz ida pelo Imposto<br />
Único. E, se forem necessários incentivos especiais, é melhor que tomem a forma de<br />
devolução ao exportador, de forma clara e transparente, dos impostos médios que em cada<br />
setor oneram a cadeia produtiva. Sexto, os obstáculos criados à formação do Mercosul. O<br />
argumento é espúrio. O que é indispensável para a integração são taxas cambiais<br />
compatíveis, convergência nas taxas de inflação e uma tarifa externa comum. A<br />
harmonização fiscal é desejável, porém não indispensável, e não foi até hoje conseguida na<br />
Europa.<br />
Com <strong>no</strong>ssa propensão a fórmulas salvadoras, criou-se o slogan "a reforma fiscal é a<br />
salvação". O problema é mais amplo. Precisamos de um choque "positivo" da oferta, pois o<br />
combate à inflação do lado da procura gerou hiper-recessão, sem curar a inflação.<br />
Indispensável é também se criar uma margem de flexibilidade nas empresas para redução<br />
de preços. Seria o programa dos três "D": destributação, do lado da receita; desmonte, do<br />
lado da despesa; e descomplicação burocrática. A pr<strong>eo</strong>cupação dos autores da reforma<br />
fiscal parece ser tornar financiável o gover<strong>no</strong> inchado; o necessário é desinchar o gover<strong>no</strong> e<br />
destributar o setor privado. Isso poderia ser alcançado pela eliminação de três<br />
supertributações existentes:<br />
• a supertributação da pessoa jurídica;<br />
• a supertributação da utilização de mão-de-obra;<br />
• a supertributação dos bens de produção.<br />
Além disso, urge reativar-se a "operação desmonte", proposta sem êxito <strong>no</strong> gover<strong>no</strong><br />
Sarney após a Constituição de 1988, que depe<strong>no</strong>u o Fisco federal. Sendo politicamente<br />
impossível, e eco<strong>no</strong>micamente indesejável, reabsorver o poder tributário transferido para<br />
Estados e municípios, só há duas alternativas. Uma é amputar o orçamento federal das<br />
transferências voluntárias aos Estados e municípios e que em muitos casos correspondem a<br />
dispêndios típicos dessas esferas de gover<strong>no</strong>. Na realidade, como o faz <strong>no</strong>tar o exprocurador-geral<br />
da Fazenda dr. Cid Heráclito de Queiroz em recente artigo <strong>no</strong> O Globo, "o<br />
orçamento federal é um 'orçamento perdulário"'. A fantástica soma de Cr$ 35,9 trilhões,<br />
equivalente a quase toda a arrecadação do IPI, do IOF e do ITR, é consignada para despesas<br />
com encargos essencialmente estaduais e municipais. Há verbas de Cr$ 2,029 trilhões para<br />
sustentar Brasília, que já devia estar desmamada das tetas do Tesouro. Há verbas para um<br />
coral infantil em Roraima, para escolas de samba, para estradas vicinais e rodovias<br />
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