Microsoft Word - Tributa\\347\\343o no Brasil eo IU.doc - Marcos Cintra
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EXAME - Que legado o senhor está deixando para o mercado?<br />
OSWALDO - Tentei dar uma cara mais moderna para o mercado. Promovemos a<br />
abertura dos portos, fazendo com que o <strong>Brasil</strong> se comporte como uma nação adulta. Hoje as<br />
bolsas podem receber recursos não só dos que moram <strong>no</strong> exterior, mas daqueles brasileiros<br />
que têm recursos fora. Criaram-se mecanismos para que empresários brasileiros pudessem<br />
lançar valores mobiliários <strong>no</strong> exterior. Outro avanço foi interligar as bolsas dos países do<br />
Cone Sul, fundamental para consolidar um mercado comum. Novos instrumentos foram<br />
criados, como os commercial papers, cuja emissão interna já alcança mais de 200 milhões<br />
de dólares. Mas a tarefa de estar sempre acompanhando a evolução do mercado não acaba<br />
nunca. Se ficasse à frente da CVM, faria um segundo pla<strong>no</strong> diretor do mercado de capitais.<br />
AS CARICIAS<br />
DE MIKE TYSON<br />
"Tente de <strong>no</strong>vo. Fracasse de <strong>no</strong>vo. Fracasse melhor." Samuel Beckett<br />
Roberto Campos<br />
O Estado de S. Paulo, 23/2/92<br />
A julgar pela temperatura do Congresso, caminhamos para meias soluções. A reforma<br />
fiscal se limitaria a simplificar o número de fatos geradores, mantendo-se os impostos<br />
clássicos. No caso da Previdência Social, adotar-se-ia um sistema misto: a previdência<br />
estatal continuaria compulsória (até cinco salários mínimos), a previdência privada seria<br />
opcional a partir desse nível. O máximo que se pode esperar dessas meias soluções é<br />
transformar um tumor num furúnculo. Mas o sangue continuaria infectado.<br />
Sob o pretexto de proteger os mais pobres - supostamente ineptos para fazer suas<br />
próprias opções -, eles ficam obrigados a dar contribuições ao Estado. Este conhecido<br />
malfeitor as malversará como sempre fez <strong>no</strong> passado. Os benefícios pagos aos mais pobres<br />
minguarão cada vez mais, na medida em que grupos de pressão conseguem aposentadorias<br />
precoces, especiais ou múltiplas. É o que recente estudo do Ibmec descreve como a "face<br />
trágica" da Previdência Social <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: "Em dólares de 1990, o benefício médio caiu cerca<br />
de 55% em duas décadas, passando de US$1.935, em 1972, para US$ 845, em 1990".<br />
Paralelamente ao declínio do benefício médio, há uma concentração dos benefícios<br />
<strong>no</strong>s grupos reivindicatórios. As aposentadorias especiais representam 2,54% dos<br />
contingentes assistidos e 7,22% do gasto; e as aposentadorias por tempo de serviço<br />
favorecem 10,38% dos assistidos e sugam 31,4% do valor dos benefícios.<br />
Não é de admirar que entre os maiores defensores da "justiça social" da Previdência<br />
figurem precisamente os beneficiários dessas aposentadorias. Alguns têm até<br />
aposentadorias múltiplas. A justiça social para eles começa em casa.<br />
A obrigatoriedade da previdência estatal é injusta para todos. Para os pobres, porque<br />
ficam escravizados à ineficiência do Estado, esperando nas filas pelos funcionários<br />
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