Microsoft Word - Tributa\\347\\343o no Brasil eo IU.doc - Marcos Cintra
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Como a construção civil é um dos setores de atividade que envolvem um grande<br />
número de processos produtivos, seria de se esperar que a adoção do Imposto Único<br />
pudesse trazer problemas. Mas isso não é verdade. Hoje, um cidadão que compra uma casa<br />
ou um apartamento <strong>no</strong>vo está pagando 34,50% de impostos, que incidem sobre todos os<br />
insumos. Cálculos recentes indicam que, com o Imposto Único, o valor total da tributação<br />
seria de 29%. Ou seja, algo em tor<strong>no</strong> de 84% do que se paga atualmente. Isso sem contar a<br />
eco<strong>no</strong>mia da desativação dos departamentos de contabilidade fiscal das empresas.<br />
O Imposto Único é um tributo à inteligência. Se ele serve para um setor como a<br />
construção, que tem uma cadeia produtiva longa e diversifica da, certamente serve para<br />
toda a eco<strong>no</strong>mia. O Estado brasileiro não se tem. caracterizado pela racionalidade<br />
administrativa e a <strong>no</strong>ssa eco<strong>no</strong>mia é uma das mais <strong>no</strong>rmatizadas e complicadas do mundo.<br />
Não seria a adoção do Imposto Único uma excelente oportunidade para começar a reverter<br />
esse quadro?<br />
QUANTO MAIS<br />
IMPOSTOS, PIOR<br />
José Valney de Brito<br />
Revista Exame, 10/6/92<br />
No artigo "O salto <strong>no</strong> escuro do Imposto Único" 3 publicado na edição de Exame de 18 de<br />
março, o professor Mário Henrique Simonsen faz uma análise crítica da proposta de<br />
Imposto Único sobre Transações, <strong>IU</strong>T. Mesmo aceitando, <strong>no</strong> final sua implantação<br />
experimental endossa alguns argumentos contrários. O próprio título do artigo já dá uma<br />
co<strong>no</strong>tação negativa. Penso, porém, que a aplicação do <strong>IU</strong>T não precisa ser necessariamente<br />
um "salto <strong>no</strong> escuro". Tudo pode ser preparado com antecedência, estabelecendo-se as<br />
condições para o sucesso da proposta. Temos de lembrar que hoje todas as transações<br />
financeiras são feitas por meio de bancos. Dessa forma, elas podem ser catalogadas,<br />
qualificadas e quantificadas com absoluta precisão, o que asseguraria a arrecadação <strong>no</strong> caso<br />
de aprovada a idéia do <strong>IU</strong>T. A garantia de que as transações financeiras continuarão a ser<br />
feitas pelo sistema bancário pode ser obtida por leis. A possível alegação de que tais<br />
exigências representariam uma interferência do poder público na atividade econômica não<br />
faz sentido diante da avalancha de intervenções já existente <strong>no</strong> sistema tributário.<br />
Recordemos também que todas as grandes modificações tributárias foram feitas sem<br />
nenhuma experiência prévia.<br />
Em seguida, o professor afirma que "o <strong>Brasil</strong> parece cultivar o fetiche das fórmulas<br />
simples para resolver problemas complexos". Isso não é verdade. Infelizmente a<br />
complicação desnecessária está muito mais presente <strong>no</strong> dia-a-dia dos cidadãos.<br />
Especialmente nas relações entre Estado e sociedade tudo é extremamente burocratizado, e<br />
<strong>no</strong> capítulo da tributação nada é simples. A melhor demonstração de que cultuamos a<br />
3 Incluído na Parte II deste volume, págs.157-159.<br />
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