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Microsoft Word - Tributa\\347\\343o no Brasil eo IU.doc - Marcos Cintra

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se encontrarão os caminhos da recuperação econômica, da retomada dos investimentos e do<br />

crescimento auto-sustentado.<br />

As inúmeras - e sempre frustradas - tentativas de se reformar a estrutura tributária<br />

atestam a urgência de se resolver essa grave distorção que caracteriza a eco<strong>no</strong>mia brasileira<br />

desde a década passada.<br />

A proposta de reforma tributária que o gover<strong>no</strong> Collor apresentou ao Congresso<br />

caminhava <strong>no</strong> sentido inverso ao que seria desejável. Criava <strong>no</strong>vos impostos, elevava<br />

alíquotas, sobretaxava itens de grande peso na formação de custos de produção e apenas<br />

remendava, insuficientemente, alguns pontos da estrutura de gastos públicos.<br />

Os mesmos erros estão sendo repetidos pelo gover<strong>no</strong> Itamar. Premido pela urgência e<br />

impulsionado pelo casuísmo, se improvisa em tor<strong>no</strong> da proposta deixada por Collor. Uma<br />

meia-sola ao quadrado.<br />

A peça de resistência da reforma tributária de emergência do gover<strong>no</strong> Itamar é o<br />

Imposto sobre Transações Financeiras (ITF). Os tributos restantes continuam calcados nas<br />

mesmas bases tributárias de antes e arrecadados com os mesmos instrumentos<br />

administrativos, complexos, onerosos, iníquos e passíveis de larga margem de evasão.<br />

Em outras palavras, o <strong>no</strong>vo sistema tributário continuaria dependendo<br />

preponderantemente de impostos declaratórios. Os contribuintes continuariam a auto-apurar<br />

e auto-recolher os impostos com base em suas respectivas escriturações fiscais.<br />

Portanto, a evasão tributária perduraria. A qualidade dos sistemas de arrecadação<br />

permaneceria a mesma, ou seja, péssima. Bastaria não declarar ou deturpar a escrituração<br />

fiscal para que a sonegação continuasse. E assim sobreviverão a corrupção e a expansão da<br />

eco<strong>no</strong>mia informal.<br />

Outro grande defeito do projeto do gover<strong>no</strong> reside em sua timidez. O <strong>no</strong>vo sistema<br />

tributário continuaria calcado <strong>no</strong>s fatos geradores clássicos, ou seja, a renda, a circulação, a<br />

propriedade, a folha de pagamento e o comércio exterior. Mas com um agravante: criam-se<br />

<strong>no</strong>vos impostos incidentes sobre as mesmas bases - o imposto seletivo -, além do ITF.<br />

Em artigo publicado pela Folha em 18 de agosto deste a<strong>no</strong>, intitulado "Dez<br />

argumentos contra o <strong>no</strong>vo imposto", foi explicitado por que o imposto sobre transações é<br />

bom se for único, mas péssimo se for um imposto a mais (tomara que não resolvam ainda<br />

ressuscitar a idéia do imposto sobre ativos que constava da , proposta Collor!).<br />

O gover<strong>no</strong> deturpa a proposta do Imposto Único sobre Transações. Concebido para<br />

ser o imposto básico de todo o sistema fiscal, acaba reduzido ao pouco honroso papel de<br />

mais um apêndice da estrutura arrecadatória nacional.<br />

O gover<strong>no</strong> age como o estuprador, que em sua brutalidade só vê o objeto imediato de<br />

seu apetite sexual, nada mais. Ig<strong>no</strong>ra completamente as virtudes desburocratizantes,<br />

moralizantes e desenvolvimentistas do Imposto Único sobre Transações e adota o ITF<br />

exclusivamente por sua alta produtividade do ponto de vista arrecadatório.<br />

Se preconiza o ITF, por que não aceitar sua conseqüência lógica, que é o Imposto<br />

Único?<br />

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