Microsoft Word - Tributa\\347\\343o no Brasil eo IU.doc - Marcos Cintra
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grevistas. Para os remediados e ricos, porque têm de pagar duas vezes. Contribuem para o<br />
Estado, por imposição autoritária, e participam de sistemas priva- dos, por desconfiarem do<br />
Estado. Para as empresas, porque sob o peso dos encargos têm de montar sistemas<br />
paralelos, despedir gente ou submergir na marginalidade.<br />
A ação governamental seria mais barata e me<strong>no</strong>s burocratizada se o gover<strong>no</strong>, em vez<br />
de prover diretamente os benefícios, garantisse aos pobres o acesso a eles, complementando<br />
a renda daqueles que, ao longo da vida laboral, não tivessem acumulado poupança<br />
suficiente para garantir-lhes uma renda mínima na aposentadoria. Isso seria equivalente a<br />
u.m imposto de renda negativo, idéia que não provém de socialistas e sim do grande<br />
patro<strong>no</strong> da eco<strong>no</strong>mia liberal - Milton Friedman. Naturalmente, ficaria sempre aberta a<br />
opção da previdência pública para os masoquistas que preferem sofrer nas mãos do Estado.<br />
O único método justo e democrático é o direito de opção para todos. Isso é o que defendem<br />
os partidários da eco<strong>no</strong>mia liberal.<br />
Neste momento, em que mundialmente se redesenha o Estado, é preciso que<br />
aprendamos <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> que obrigação governamental de prover serviços sociais não é a<br />
mesma coisa que produzi-los. O Estado é melhor provedor do que produtor, seja <strong>no</strong> campo<br />
econômico seja <strong>no</strong> social. Em quase todas as áreas do setor privado há excesso de oferta.<br />
Em todas as áreas do setor público há déficits de oferta. Isto se aplica tanto a escolas,<br />
hospitais e esgotos como a telefones, eletricidade e transporte.<br />
O sistema fiscal brasileiro, de outro lado, atingiu um grau inacreditável de<br />
burocratização e corrupção, coisas intimamente ligadas. Segundo diagnóstico recente da<br />
consultoria Booz Allen para a indústria automobilística, há 53 tributos e 20 encargos<br />
sociais. A biblioteca da burocracia exige dez livros contábeis, 16 livros fiscais, seis<br />
societários e três trabalhistas. As declarações fiscais e trabalhistas são 24 (sete para o<br />
ICMS, seis para o IPI, cinco para o ISS e seis para a Receita Federal). Os <strong>doc</strong>umentos<br />
trabalhistas são 12. Não é de admirar que a expansão da eco<strong>no</strong>mia informal seja uma<br />
resposta racional a essas brutalidades.<br />
No tocante ao sistema fiscal, há consenso <strong>no</strong> Congresso sobre a necessidade de<br />
simplificação e racionalização. Mas não falta quem queira recomplicar o sistema pela<br />
imposição de <strong>no</strong>vas alíquotas, criação de um imposto sobre grandes fortunas e de <strong>no</strong>vas<br />
contribuições previdenciárias. É a raça dos "socialistas", que adoram fazer justiça com o<br />
dinheiro dos outros.<br />
Várias propostas melhorativas têm sido feitas, <strong>no</strong>tadamente as dos profes- sores Ives<br />
Gandra Martins e Paulo Rabello de Castro, assim como do deputado Luiz Carlos Hauly.<br />
Todas têm uma vantagem e um defeito. A vantagem é a simplificação, o defeito é a<br />
superstição dos subconjuntos.<br />
As figuras tributárias clássicas - Imposto de Renda, consumo, patrimônio, circulação<br />
de bens e serviços e contribuições previdenciárias - nasceram antes da era da moeda<br />
eletrônica e da informática bancária. A coleta tinha de ser ligada a um fato gerador<br />
concreto. A evolução tec<strong>no</strong>lógica possibilita hoje a tributação do grande conjunto - as<br />
transações financeiras -, através do sistema bancário.<br />
E o <strong>Brasil</strong> apresenta condições ideais para essa solução revolucionária. A moeda<br />
física representa proporção inexpressiva do PIB e a moeda eletrônica é o grande meio<br />
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