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Microsoft Word - Tributa\\347\\343o no Brasil eo IU.doc - Marcos Cintra

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entra a seguinte pergunta: que impostos é possível aglutinar, o que dá para retirar, o que dá<br />

para simplificar? Mas esse já é o fim do processo.<br />

EXAME - Existem propostas em discussão na sociedade, entre elas algumas<br />

polêmicas, como a da criação do imposto único, que ficou para ser debatida agora pela<br />

comissão. O que o senhor pensa a respeito dessa proposta?<br />

OSWALDO - A minha sensação é de que essa é uma discussão inevitável, porque ela<br />

tem adeptos e críticos <strong>no</strong>s mais diferentes partidos políticos <strong>no</strong> Congresso. Se a comissão<br />

não colocar essa discussão, o Congresso a coloca. Recebi recentemente parte de um estudo<br />

feito pelo Federal Reserve Board, dos Estados Unidos, contra essa proposta, quando foi<br />

apresentada lá. Tenho conversado também com Martín Redrado, presidente da CVM da<br />

Argentina e meu amigo. Na Argentina, esse imposto foi instituído e em julho vai ser<br />

abolido. A experiência não deu certo lá. Mas não tenho parti pris a favor nem contra.<br />

EXAME - Na Argentina aconteceu o que se teme que ocorra <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>- que o<br />

imposto único seja mais um tributo, acrescentado aos que já existem. Ao que tudo<br />

indica, na Argentina não houve a tal simplificação prometida.<br />

OSWALDO - Talvez possa ser dito que na Argentina o imposto único surgiu com<br />

uma alíquota muito alta, de 4%. Por outro lado, mesmo o pessoal que é a favor da idéia <strong>no</strong><br />

<strong>Brasil</strong> tem certo receito de desmontar todo um sistema tributário existente e implantar um<br />

<strong>no</strong>vo, que não se sabe exatamente como vai comportar-se.<br />

EXAME - Pode-se dizer então que mudanças muito abruptas estão descartadas?<br />

OSWALDO - Um dos cuidados que estamos tomando na <strong>no</strong>ssa construção de<br />

hipóteses é manter, o mais possível, uma estrutura que o povo já conheça. Se se desmancha<br />

uma estrutura tributária e criam-se impostos completamente diferentes, perde-se toda uma<br />

cultura assentada não só por parte dos contribuintes, mas por parte da máquina<br />

arrecadadora. Todo empresário, bem ou mal, tem idéia do que seja o ICMS. O contador, o<br />

fiscal, o juiz sabem como ele funciona. Se houver mudanças, quanto tempo vão precisar<br />

para reaprender tudo? A sociedade convive mal com muita mudança ao mesmo tempo,<br />

principalmente em matéria tributária. Tanto é que existe um ditado chinês muito antigo que<br />

diz: o imposto bom é o imposto velho. Então, simplificar é uma premissa. Não conturbar ou<br />

conturbar o me<strong>no</strong>s possível o ambiente é outra premissa.<br />

EXAME - O posto de xerife do mercado de capitais foi um desafio para o<br />

senhor?<br />

OSWALDO - Eu assumi <strong>no</strong> período pós-crise do caso Nahas. O mercado estava<br />

desmontado. As bolsas, operando <strong>no</strong> vermelho e demitindo pessoal. Havia várias corretoras<br />

e distribuidoras quebradas. Outras corretoras estavam fechando os seus departamentos de<br />

ações. As empresas não estavam lançando muitas debêntures. Era um negócio muito<br />

precário. A CVM tinha uns dez computadores de 8 bits de memória e mais nada. Foi uma<br />

tarefa e<strong>no</strong>rme reconstruir o mercado. O empresário brasileiro tem hoje <strong>no</strong> mercado de<br />

capitais um instrumento muito mais eficiente do que há dois a<strong>no</strong>s. Há um número muito<br />

maior de alternativas de captação e o volume de investidores cresceu. Só <strong>no</strong> mercado de<br />

ações, as transações diárias saltaram de 5 a 6 milhões de dólares para a média de 150 a 180<br />

milhões de dólares verificada em janeiro.<br />

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